Porta de entrada aos pensamentos obsessivos e ao ritual compulsivo, aquela que você pega na maçaneta, mas não consegue sair e volta ao ciclo do TOC infinito.
Você se considera prisioneiro de seus próprios pensamentos e de suas compulsões? Sugiro então, que leia este post. Caso não esteja fazendo um acompanhamento com um psicólogo e psiquiatra, aconselho que comece agora. É possível controlar os sintomas do TOC sozinho, porém é muito difícil de acontecer. Para tentar o treinamento que vou passar, é preciso uma alta dose de motivação, perseverança, organização e enfrentamento dos seus medos.
Quem conhece alguém muito próximo que seja portador desse transtorno de ansiedade e queira ajudar, comece sendo firme com ele, encoraje-o a enfrentar os medos e abandonar as compulsões; responda apenas uma única vez às suas dúvidas em relação ao ritual, por exemplo, se ele realmente trancou a porta; e por último, não passe a realizar as compulsões por ele.
Encontre a chave para a saída do TOC, seguindo as próximas dicas e coloque-as em prática para controlar os sintomas.
11 DICAS PARA O TRATAMENTO DO TOC
1 avalie suas crenças
Pense mais sobre como você pensa e sobre o quê você acredita, dialogue consigo. Todos precisam de mudanças internas. Pensamentos disfuncionais prejudicam a saúde mental. Não adianta seguir um padrão de pensamento e de coisas que acredita, se isso não produz nenhum progresso na sua qualidade de vida. Por exemplo, ser muito pessimista e não fazer nada para mudar seu ponto de vista, apenas enxergar as coisas como ruins e sem esperança, não é a melhor escolha e postura, ou então, ser positivo demais e pensar que somente fazendo isso você conseguirá alcançar seus objetivos, talvez seja muito frustrante. Questione suas crenças.
Os processos do pensamento influenciam a nossa visão de mundo, e a interpretação dos acontecimentos, se refletem nas emoções, sentimentos e comportamentos. É fácil deduzir como será uma pessoa que possui um padrão de pensamento autodepreciativo, por exemplo. Para acabar com o TOC é necessário mudar os padrões disfuncionais de pensamento.
2 não tente evitar os pensamentos intrusivos
É natural do ser humano evitar pensamentos ruins, porém se tratando de obsessões, o cérebro persiste em continuar lembrando sobre o conteúdo desagradável, para que não se esqueça. É como se alguém pedisse para você não pensar em determinado objeto ou pessoa, não adianta, seu próximo pensamento será exatamente o que foi dito. O segredo é não dar importância ao pensamento intrusivo, ele é apenas uma construção da sua mente, portanto deixe ele passar e assim diminuirá a frequência até deixar de aparecer. Essa etapa é fundamental para não realizar os rituais compulsivos.
3 tolere sua dúvida e incerteza
Assim como os pensamentos obsessivos, quanto mais tentar evitar as dúvidas em relação ao ritual feito, mais a incerteza permanece na sua mente, por isso que os rituais demoram para serem concluídos, levando horas lavando as mãos até sangrarem, contando números, verificando várias vezes o registro do fogão e etc.
4 confie na sua memória
5 pratique a aceitação e seja mais flexível
Lembre-se que pensamentos são só pensamentos, uma série de neurônios disparando no cérebro, não dê importância a eles. Tenha consciência de que você tem pensamentos obsessivos, por isso é tão desgastante, aceite que necessita de uma mudança. Mantenha sua mente no presente, você não pode controlar tudo, não valorize as preocupações que estão fora do seu alcance.
Sua mente obsessiva e comportamento compulsivo podem revelar que você está insistindo em alguma coisa. Talvez esteja querendo mudar algo, mas não esteja conseguindo; necessita que alguém ou você mesmo se sinta responsável e se sobrecarregue de tarefas para manter tudo seguro por temer algum mal ou situação indesejável; quer seguir ou que alguém siga os preceitos de determinada religião a todo custo.
A flexibilidade é a principal aliada para adaptação da realidade. Cuidado com padrões e ideais muito rígidos, isso prejudica a saúde mental. Será que seus ideais realmente te ajudam a levar uma vida melhor? Seu comportamento inflexível traz vantagens para você e para as pessoas com quem convive? Use a imaginação e defina como seria uma vida livre desse transtorno de ansiedade…
Portadores de TOC sofrem muito, eles acreditam que precisam ter certeza absoluta de tudo, o que é um desejo irrealizável. Parte do tratamento psicológico foca na flexibilidade, em aceitar que somos suscetíveis a fatalidades e eventos inevitáveis de nossa existência.
6 consulte um psicólogo
Saia da sua zona de conforto e busque o tratamento psicoterápico, será muito mais fácil vencer o Transtorno Obsessivo Compulsivo com a assistência de um psicólogo. A técnica comportamental mais utilizada é a Exposição com Prevenção de Respostas (EPR), ela quebra o ciclo vicioso que o paciente acredita ser o seu “porto seguro”.
A EPR consiste na apresentação contínua de estímulos ansiogênicos (causadores de ansiedade) que podem ser situações, objetos ou o próprio pensamento obsessivo, juntamente, trabalha com a prevenção da resposta compulsiva. Acredite, o contato prolongado e repetitivo àquilo que você teme, diminui gradativamente a ansiedade diante do mesmo estímulo. Este fenômeno é chamado de habituação. O tratamento psicoterápico pode ser individual e em sessões grupais ou familiares.
7 consulte um psiquiatra
O tratamento do TOC para casos leves ou moderados, em que o paciente se encontra motivado durante a psicoterapia, pode ser feito apenas com o uso da terapia cognitivo-comportamental (TCC), porém em casos mais graves ou com certas comorbidades como transtorno de personalidade, pior capacidade crítica e sintomas depressivos relevantes associados, é recomendado também o uso de antidepressivos como o citalopram e escitalopram, que são da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).
Geralmente, o paciente com TOC possui depressão devido à incapacitação produzida pelos rituais. O uso de medicamentos para depressão e ansiedade podem ajudar no começo do tratamento, no entanto, a parte psicológica não pode deixar de ser acompanhada para não ocorrer a piora do quadro clínico.
8 enfrente seu medo e reduza os rituais
A origem do comportamento compulsivo está nos pensamentos obsessivos. A pessoa com TOC condicionou-se a ritualizar para obter um alívio temporário e ilusório do seu sofrimento. Para quebrar o ciclo vicioso é necessário atacar o componente mais passível de modificação que são os rituais, deve-se reprimi-los.
Se exponha a estímulos temidos (lugares, pessoas, situações, objetos, pensamentos, dúvidas, impulsos e imagens), suporte o período de ansiedade e não caia na tentação de realizar os rituais até a ansiedade reduzir. O importante é desassociar as compulsões da ansiedade e os rituais da falsa sensação de segurança e alívio. Peça o auxílio de alguém de confiança para que não haja recaídas, é normal se sentir exausto e desesperançoso durante o processo, o apoio da família e amigos é muito importante.
Claro que, a ajuda de um profissional da área de saúde mental é essencial, pois no TOC o medo pode ser muito mais interno do que externo, por exemplo, em um pensamento obsessivo de conteúdo agressivo, confrontar uma imagem mental de empurrar alguém nos trilhos do trem é tão interessante quanto permanecer em pé sobre a plataforma. Digo isso porque os portadores de TOC apresentam muita dificuldade de estabelecer separações entre pensamentos e ações, pensar algo é o mesmo que fazê-lo na mente deles, daí o motivo do pensamento intrusivo gerar tanto desconforto e a compulsão para neutralizá-lo.
9 descubra as causas
É fundamental tentar descobrir o que está por trás dos comportamentos repetitivos, que tipo de situação está causando ansiedade. Será que tem ligação com alguma experiência traumática? Quais sentimentos reprimidos podem estar envolvidos?
Suponha que ao ficar sozinho, determinado portador de TOC, tem a necessidade de verificar inúmeras vezes se a porta está trancada. A ansiedade dele pode estar sendo desencadeada pelo medo de ficar sozinho e não apenas pela casa ser invadida. Mas… Qual o motivo que levou ao medo? Faça o mesmo exercício com a sua situação. Pense nas origens do problema, descubra quando tudo se iniciou, como evoluiu. Tentar compreender o seu transtorno pode auxiliar muito na superação. Por isso, colocarei algumas perguntas para te ajudar neste processo…
O que a sua obsessão diz sobre você, sobre a sua personalidade? Que tipo de pessoa você seria sem essa obsessão? O que pode acontecer se você não realizar o ritual compulsivo? Quais vantagens e desvantagens os seus pensamentos obsessivos te proporcionam? Quando teme que algo ruim aconteça, tem certeza absoluta que se tornará realidade? Seu amigo concordaria com esse tipo de pensamento e atitude que você desenvolveu? Analise as interpretações e significados que você atribui ao seu TOC.
10 faça uma lista e resista!
Reduza seus rituais aos poucos para não gerar estresse, piorar seu TOC e desistir de vencê-lo. A sugestão é alterar o ritual, faça uma versão mais curta, por exemplo, se você compulsivamente passa a escova no cabelo 100 vezes, reduza para 90, 80, 70 e por aí vai… Se desafie e resista!
O apoio das pessoas próximas pode ser um grande aliado, por exemplo, se você demora até duas horas para tomar banho, peça que alguém te chame antes dessa duração. Caso more sozinho, utilize um alarme para tocar antes das duas horas, passe para uma hora e quarenta minutos, diminua seu tempo gradativamente, sem hesitar, saia do banho imediatamente após o toque do alarme. Continue seu treinamento até conseguir realizar a tarefa de maneira comum como qualquer pessoa.
Outra técnica para resistir aos rituais é adiá-los por alguns minutos e gradualmente aumentar o tempo de tolerância. Teste sua ansiedade, perceba se irá diminuir. Antes de conferir algo novamente, resista, espere, e vai fazer outra coisa.
Quando se consegue reduzir os rituais e ver que nada de ruim aconteceu, você ganha confiança para dar o próximo passo e ficar livre das compulsões.
11 seja realista sobre a sua responsabilidade
Portadores de TOC possuem muito senso de responsabilidade e uma preocupação excessiva e constante de causar ou prevenir algum mal a si mesmos ou aos outros. Por isso, comece agora a dividir sua parcela de responsabilidade. Uma técnica útil para desenvolver uma percepção mais realista é criar um gráfico de responsabilidade.
1 – Identifique um evento que você teme que se torne realidade e você seja o responsável (como a casa ser assaltada, contrair uma doença, sofrer uma rejeição e etc); 2 – Escreva o nível de responsabilidade em porcentagem de 0% a 100% que você sente pelo evento caso acontecesse; 3 – Liste todos os possíveis fatores (incluindo você mesmo) que poderiam contribuir para o evento temido se realizasse; 4 – Crie o gráfico de responsabilidade, comece dividindo o círculo com a fatia de responsabilidade dos fatores externos a você, depois de visualizar, repense a sua parcela de responsabilidade pelo evento temido e coloque sua estimativa em porcentagem no círculo.
Com o gráfico de responsabilidade feito, você vai visualizar que nunca será 100% responsável pelo acontecimento de um evento. Tomar menos responsabilidade para si é algo que precisa ser exercitado para sua mente ser menos rígida e ansiosa. Desvie sua atenção e não se concentre tanto em seus medos. O cérebro gosta de ser treinado, mude para um treinamento saudável, aplique as dicas e sua saúde mental agradecerá.
Viver é saber caminhar por trilhas tortas com pedras desniveladas e sem certeza de nada. Os portadores de TOC são muito perfeccionistas, gostam de controlar o destino das coisas e se sentem responsáveis por tudo. Não seja tão duro consigo mesmo, siga as dicas e viva com mais leveza. Assim, você vai sentir que tudo fluirá de uma forma mais tranquila e sem tanto desgaste para a sua mente.
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