Óbvio que ninguém gosta de sofrer, porém o sofrimento nos torna humanos. Muitos insistem em não aceitá-lo. Se estamos em uma fase da vida complicada, podemos nos sentir injustiçados, se sofremos uma perda podemos negá-la e nos sentirmos amaldiçoados. Não importa o que seja, término de namoro, doença, brigas, falta de dinheiro, tudo se transforma em um peso, que alguns escolhem carregar por muito tempo e outros nem se permitem começar a sentir o sofrimento, que já querem logo apagá-lo.
Não adianta fugir da dor, ela é necessária para evoluirmos na condição de humanos, através do aprendizado com experiências sentidas por nós como insuportáveis, conseguimos seguir a realidade do jeito que ela é, sem negar o trágico e doloroso, pois não temos controle sob a vida, todos nós estamos sujeitos ao sofrimento e, para isso devemos saber lidar com a nossa dor. Como diz a sabedoria popular, o que não nos mata nos fortalece.
Sofrimento faz parte da vida – Sintomas
Sofrimento é uma experiência vital. Quando você tenta se afastar da dor, mais se afasta de sua própria consciência, você reprimi seu sofrimento, com o tempo você deixa o que te incomoda guardado no seu inconsciente, você batalha para esquecê-lo, porém isso vai se fortalecendo e se transformando em sintomas. Por isso, que o trabalho de análise (técnica da psicanálise, desenvolvida por Freud) é muito demorado, porque não sabemos a causa dos nossos sintomas e por vezes gastamos tempo culpando algo que não tem culpa. Enquanto não acharmos as origens dos sintomas, não acharemos a cura, nisso que se consisti o trabalho da psicanálise.
A dor nos torna humanos – Rollo May
Rollo May (1909 – 1994), o pai da psicologia existencialista, considerou o sofrimento parte da existência, não um sinal de patologia que precisa ser “consertado”. Temos a tendência de buscar nos sentirmos confortáveis, queremos nosso ambiente familiar e optamos por experiências que mantenham nossa mente equilibrada e cômoda. Dessa maneira, é inevitável que rotulemos experiências como “boas” ou “ruins”, sem darmos conta, lutamos contra os processos que nos trariam grande crescimento e desenvolvimento psicológico, caso aceitássemos a dor e o sofrimento como parte natural da vida.
Aceitem suas experiências igualmente, não é fácil, ao contrário, bem difícil, mas necessário para o processo de evolução da vida.
Dê significado ao sofrimento – Viktor Frankl
Outra abordagem que ajuda a compreendermos melhor o sofrimento, se chama Logoterapia. Segundo o psicólogo Viktor Frankl (1905-1997) podemos determinar como iremos ser influenciados pela dor ao enxergá-la de um modo diferente, dando uma interpretação à ela. O paciente de Viktor Frankl ao perder sua esposa, foi questionado pelo psicólogo como seria se ele tivesse morrido antes da esposa, e ele respondeu que seria mais difícil para ela, interpretando que teria poupado ela, pois sofreria em vida no seu lugar. O ideal é descobrir o significado para o seu sofrimento, quando se faz isso, você torna a dor suportável.
O sofrimento deixa de ser sofrimento quando ganha sentido.
Mesmo uma pessoa que não tem mais nada neste mundo ainda pode conhecer a felicidade.
Viktor Frankl
Sugestão de filme – Doador de memórias
Jonas vive em uma pequena comunidade aparentemente ideal, sem doenças ou guerras e onde todo mundo é feliz. Para que essa realidade subsista, um homem é encarregado de armazenar as más memórias, poupando os demais habitantes do sofrimento. Jonas, porém, descobre o perigoso segredo de sua comunidade e, armado com o poder do conhecimento, tenta fugir do mundo em que vive e proteger os que ama.
Nesse filme, os personagens de maior hierarquia não deixavam ninguém mentir dentro da órbita, tudo parecia muito esquematizado e perfeito por lá, porém eles eram uma grande mentira, o mundo de verdade estava fora da órbita.
A capacidade de sentir, sofrer, amar é o que nos define como humanos. Quem nunca amou, também nunca experimentou o sofrimento, precisamos ter coragem para encarar a vida e se permitir amar, mesmo sabendo que a dor pode vir junto, pois o ato de coragem é saudável e também significa vida, assim como o sofrimento.
Imagem – escultura em argila de Beth Cavener Stichter “As esculturas que eu crio são focadas na psicologia humana (…) uso a linguagem corporal dos animais no meu trabalho como uma metáfora para esses padrões subjacentes, transformando os animais em retratos psicológicos onde o sujeito que observa possa se identificar” Stichter
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