Control Freak: Entenda A Mania De Controle - psicologia, arte & cultura Melkberg - controle - mania de controle - control freak - controlar - pessoas controladoras

Control Freak: Entenda A Mania De Controle

“Controle-se!”

“Está tudo sob controle!”

“Preciso ter o controle da minha vida!”

Querer controlar tudo é uma das fantasias criadas pelos tempos modernos. Hoje, vivemos num ritmo frenético, que nos escapa a atenção, somos bombardeados por muitos estímulos. Quando acordamos várias ideias já vêm à mente, sentimentos e pensamentos se atropelam. Somos cobrados para realizar muitas coisas num tempo veloz. No fundo o desejo é de estabilidade, conseguir prever e guiar a própria vida, sem ser levado por ela. Porém, tudo está em constante movimento como uma roda que gira em um determinado caminho e amanhã já não é mais o mesmo, ou seja, centenas de fatores estão além do nosso controle.

Imagine uma peça de teatro. As pessoas controladoras se comportam da mesma forma que os diretores com um roteiro na cabeça, definindo a atuação de seus personagens. Se algo sair fora do planejado, entram em cena as crises emocionais que variam em intensidade, as respostas mais comuns são frustração e irritabilidade. Não é raro ver pessoas sofrendo da mania de controle ou “control freak”, elas necessitam impor a sua vontade sempre, mas geralmente só conseguem trazer para si problemas emocionas e até doenças psicossomáticas.

Control Freak: Mania de Controle

O fenômeno chamado “control freak” ou mania de controle atingi principalmente as mulheres, devido à alta cobrança exigida pela sociedade, para cumprir os papéis que desempenham 24 horas (de mãe, esposa, administradora da casa, profissional e etc). Elas acabam associando a sensação de controle à segurança, entretanto o preço dessa sensação é a eterna vigilância causadora do enorme desgaste emocional. A vida tende a ficar cinza e monótona, abrindo a brecha para o profundo desânimo.

SAÚDE MENTAL DAS PESSOAS CONTROLADORAS

Enquanto existem aqueles que são mais flexíveis e delegam funções, há pessoas que apresentam uma postura mais rígida e centralizadora. O aumento de pessoas com o perfil controlador nos consultórios de psicologia é cada vez mais evidente. A ansiedade toma conta na hora de prever, se preparar e agir diante das situações imagináveis. Os pensamentos ficam acelerados, a respiração ofegante, dor de cabeça, tonturas, dificuldades para relaxar e dormir. Ocorre o cansaço físico e mental. Além de favorecer os episódios de pânico.

Quanto mais controlada for a pessoa, mais o descontrole está ganhando força na sombra. Como o inconsciente tem um caráter compensatório para equilibrar a mente, aparece o sintoma e toma conta do cenário, denunciando que existe um desequilíbrio. Por exemplo, o transtorno do pânico é o descontrole total, a pessoa não controla o pensamento, nem o corpo, ela só sente as sensações desagradáveis e revive um lugar de muita vulnerabilidade, aspecto que ela tenta evitar a todo custo e que alimenta a sua postura tão controladora. Sentir o pânico é pavoroso mais ainda pela não capacidade de prever a próxima vez, resultando em mais insegurança e ansiedade, um ciclo desgastante que clama por ajuda.

O sujeito com mania de controle não respeita que o cérebro também precisa de espaço para descansar, ele força os limites até o ponto de esgotamento, pois supõe que somente por causa dele as coisas irão se encaminhar na direção certa. Sendo assim, é comum o surgimento da depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e Síndrome de Burnout. Nem o corpo nem a mente aguentam tamanha pressão autoimposta dia após dia, sem poder repor as energias.

O Controle É Uma Ilusão

A necessidade em ter o controle das situações nas mãos é um sentimento intrínseco da nossa espécie. Tudo o que é externo, foge ao controle, provocando insegurança ou medo, o que nos faz sentir mais vulneráveis. Já a sensação de segurança resultante da ilusão de possuir o controle, erroneamente faz acreditar que nossas ações e pensamentos são superiores ao do outro, quando, na verdade, isso apenas reflete a falta de confiança que depositamos nos demais e em nós mesmos.

Pessoas controladoras sentem a necessidade de ficar de olho em tudo. Como as corujas, cujos olhos tudo alcança, tentam manejar a vida alheia, oferecem palpites e soluções ou mesmo podem fazer escolhas no lugar do outro. Acreditam que a visão delas é a mais prática e eficaz, devendo ser aceita por todos.

Essa busca pelo controle chama a atenção para uma neurose por felicidade, a ilusão que o outro e todas as coisas ao redor estão dominadas ou sob o seu controle, o objetivo é garantir que não haverá possibilidades de riscos e de resultados negativos. Um grande erro, pois somente podemos controlar nossas atitudes. Fica nítido em algum momento que o outro está fora do nosso controle, por isso ocorre o sentimento de angústia e a consequente decepção.

Alguns indivíduos sofrem de um problema denominado como “ego negativo”, são controlados pelo próprio ego. O ego quer ter sempre razão, gosta de opinar e de saber sobre tudo, mas a realidade é bem diferente, no intuito de desejarem ter o controle da situação, esses indivíduos são controlados por emoções negativas e destrutivas. Quem é dominado pelo ego negativo tem dificuldade em admitir erros, de mudar, aceitar críticas, fica sempre na defensiva e se torna prisioneiro da própria imagem, vivendo num mundo de ilusões e tensões.

PSICANÁLISE

Duas emoções básicas movem o comportamento humano: o medo da dor e o prazer. As pessoas controladoras se comportam assim porque tem medo que as coisas fujam do controle e causem sofrimento. Desde os primórdios da psicanálise, Sigmund Freud afirmava que o controle também tinha a ver com o prazer em exercer poder. O sujeito que domina e controla uma situação pode obter inicialmente muita satisfação com isso, todavia como vimos o controle da vida não passa de uma grande ilusão.

Pessoas controladoras por serem mais dominadoras, acabam por oprimir a identidade e interferir no livre-arbítrio do próximo, além de tentarem a todo custo centralizar tudo. Querer controlar os outros, só torna você alguém mais impaciente, nervoso e até um chantagista emocional. Também não se pode mudar os acontecimentos do passado, se alguém te decepcionou, não fique remoendo as mágoas e lembranças desagradáveis, aceite o que aconteceu, para que isso não atrapalhe mais sua noite de sono e não provoque mais tristezas.

Quanto mais controle depositamos nas coisas, mas diminuímos as chances da aleatoriedade, do acaso se manifestar, o que é lastimável, pois há circunstâncias que ele vêm para o bem, transformando nossa vida para melhor. Lembre-se, existe a hora de assumir as responsabilidades, planejar e cumprir com as tarefas, mas também há o momento que devemos nos permitir soltar as rédeas, relaxar mais, conhecer algo novo e usar criatividade.

CONCLUSÃO

Sejam pessoas íntimas ou não, nós não devemos controlar as palavras, sentimentos, decisões e atitudes do outro. Nem o tempo é controlado por nós. Abandone o orgulho e o delírio de acreditar que tudo vai acontecer do modo como quer e planejou na sua cabeça. Não abrace todas as coisas para si, isso só aumenta sua ansiedade. Tenha a humildade de reconhecer que não se pode ganhar sempre. É permitido errar, aceite suas falhas e fortaleça suas qualidades. Tolere a sensação de incerteza por mais desconfortável que seja.

O autoconhecimento é fundamental para gerenciar melhor as emoções, pensamentos, sentimentos e ações. Dessa forma fica mais nítido o que está fora do seu alcance para não correr o risco de empregar energia em algo que não irá trazer resultado. Tente se livrar da rigidez mental, que não possibilita criar hábitos novos e mais saudáveis. Você não pode controlar o universo, esse poder não está em suas mãos. Se desapegue, seja mais leve e verá mais graça nas situações do seu dia. Faça essa magia acontecer e se liberte das preocupações, pressões internas e, principalmente, da culpa. Que assim você almeje uma vida mais equilibrada.

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Um comentário em “Control Freak: Entenda A Mania De Controle”

  1. Me recordo de uma tirinha do Mauricio de Sousa, em que seu personagem está indo para uma mesa com uma prancheta escrever uma história, ao sentar na mesa ele começa a ter várias ideias ao mesmo tempo, quando começa a escrever algo uma outra ideia surge, ele começa a se desesperar e ficar sem saber o que fazer, e no final não escreve nada.
    Essa tirinha me marcou pois me vi algumas vezes assim, diante de tantas ideias e planos, não soube por onde começar, e isso traz uma sensação de decepção, pois você se vê sem colocar em prática nenhuma das ideias que teve.
    A decepção não vinha porque eu queria controlar a situação, mas sim por não saber qual ideia colocar em prática, essa sensação de querer realizar vários trabalhos ao mesmo tempo é um sintoma de falta de foco, e o foco é algo que me ajudou a saber dar prioridade as minhas criações.
    É como você disse, “Quando acordamos várias ideias já vêm à mente, sentimentos e pensamentos se atropelam.”
    E por mais que a gente tente ter controle sobre tudo, a vida sempre está em mudança.
    “Porém, tudo está em constante movimento como uma roda que gira em um determinado caminho e amanhã já não é mais o mesmo, ou seja, centenas de fatores estão além do nosso controle.”
    O ser humano não consegue prever nem os próximos segundos a sua frente.
    E como você disse em sua matéria, essa obsessão por controle pode trazer muita tristeza para a pessoa, pois ela viverá sempre se decepcionando.
    Me sinto bem melhor fazendo tudo naturalmente e não impondo datas pra finalizar, até porque tudo isso que faço é um hobby pra mim e não tem razão de eu querer terminar tudo com rapidez, e por mais que eu queira eu não serei capaz de fazer tudo ao mesmo tempo, e se eu tentar só trarei frustração por não conseguir.
    Me lembro de alguns anos atrás que uma amiga minha demorou quase um ano pra terminar uma ilustração, e você vê a qualidade do resultado, quanto mais temo dedicado a algo mais completo ele fica.
    Estou montando uma pasta com artigos sobre filmes, é algo que estou gostando de fazer, mas não estou com pressa para terminar, dou prioridade a outras tarefas mais importantes, e sempre que posso eu vou escrevendo e acrescentando mais artigos na pasta. É muito melhor fazer assim, de forma natural.
    Por exemplo, pra você escrever uma matéria no seu site acredito que não é algo simples, tem que estudar e ler sobre o tema, requer tempo, e se você coloca pressão pra terminar algo rápido, as matérias não ficam com muita qualidade.
    É igual um diretor querer fazer um filme todo ano, o curto prazo de produção vai resultar em algo apressado e ruim.
    Tem um diretor e roteirista de jogos chamado Fumito Ueda, ele trabalha muito o vazio em suas narrativas, com bastante som ambiente e poucos diálogos. Seu último trabalho demorou sete anos, em sua carreira ele tem apenas três produções, mas ele faz seu trabalho de forma natural e “orgânica”, com calma, sem pressão, sem impor data. É óbvio que ele possui muitas ideias pra fazer, mas sabe que precisa se focar em uma de cada vez.

    Esse mês eu consegui finalizar um pequeno livrinho com poesias sobre melodias, era algo que eu sempre quis fazer, mas deixei ele nascer naturalmente, tudo no seu devido tempo, e me sinto muito bem fazendo assim, pois não coloco pressão para terminar, e quando finalizo, a sensação de satisfação é muito grande.
    Vou te enviar o livro por e-mail com alguns poemas caso tenha interesse em ler.
    O seu site tem Instagram? É que eu criei um pra divulgar meus textos, músicas e ilustrações, não gosto muito de redes sociais mas duas amigas minha me incentivaram a fazer, fiz no ano passado, ficou um tempo parado mas esse ano voltei a postar. Se tiver eu te passo o meu ou você me passa do seu site.
    Parabéns pelo texto.

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