Saiba Identificar o Comportamento Passivo-Agressivo - psicologia, arte & cultura - Melkberg - comportamento - raiva - sentimentos - transtorno - vítima - personalidade - emocional - passivo-agressivo - comportamento passivo-agressivo

Saiba Identificar o Comportamento Passivo-Agressivo

O termo “passivo-agressivo” surgiu durante a Segunda Guerra Mundial. Psiquiatras do exército americano notaram a existência de uma forma de “resistência passiva” ou “obediência relutante” em alguns soldados. Em vez de recusar ordens das figuras de autoridade, eles utilizavam comportamentos passivos para transmitir suas mensagens: procrastinação, ineficácia, pensamentos depreciativos ou mesmo reprovações. O que estava por trás desses soldados era o estresse pós-traumático.

Ser passivo-agressivo já foi considerado um transtorno mental. Na 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III), existia o “transtorno de personalidade passivo-agressiva”, ou “transtorno de personalidade negativista”. Contudo, com a revisão e o lançamento da 4ª edição do livro (DSM-IV), esse transtorno foi removido por necessitar de mais pesquisas, sua descrição clínica parecia muito imprecisa para constatar quais seus critérios diagnósticos. Então esse termo permaneceu somente para definir um tipo de comportamento, um tipo de personalidade “não patológica”.

Exemplos

Você já teve algum colega de trabalho que não confrontava ninguém diretamente, mas quando chegava o momento de comunicar uma reunião importante não incluía propositadamente alguns nomes na lista de e-mail? Quando questionado, ele fez cara de inocente dizendo que apenas se esqueceu.

Aquele amigo que geralmente é pontual, mas sempre que você escolhe o programa do final de semana ele te deixa esperando.

Seu namorado está estudando contigo, tudo vai bem até que você faz algo que o desagrada, ao invés dele falar sobre isso, ele começa a fazer uma sequência de coisas para te incomodar e te tirar do sério.

Num jantar de família, seu tio elogia a sua inteligência. Você fica feliz, mas ele reage logo em seguida dando várias gargalhadas, te deixando insegura e fazendo você se sentir enganada.

Durante um passeio com a namorada, surge sua ex no meio do caminho, a atual elogia as roupas da ex em tom calmo, mas na verdade ela está te analisando para saber se você tinha reparado nela e se a achou bonita.

Explicação

Nos exemplos anteriores percebemos que sempre existe uma dissimulação do sentimento real e o uso de estratégias (como falar exatamente o contrário do que se pensa), impossibilitando que a vítima reaja imediatamente. Muitas vezes, quando a vítima consegue reagir a tempo, o passivo-agressivo finge uma indignação e pergunta o motivo de toda aquela reação uma vez que “só estava conversando”, “querendo ajudar”, “brincando” ou até “elogiando” e ainda pode mobilizar pessoas ao redor para dar a entender que a reação foi desproporcional, taxando o alvo como desequilibrado.

Em geral há alguma desconexão entre o que passivo-agressivo diz e o que ele faz. Seu comportamento muitas vezes irrita as pessoas ao redor. No entanto, ele pode não estar ciente desse problema. Além disso, o comportamento passivo-agressivo pode ser um sintoma de algum transtorno mental. Acredito que a maior vítima é ele próprio, devido à incapacidade de manter um relacionamentos saudável ​​com qualquer um. Trata-se de uma personalidade complexa que necessita de acompanhamento especializado. Abaixo deixarei uma lista de sinais do comportamento passivo-agressivo aos quais você deve estar atento.

Sinais da Hostilidade Dissimulada

O silêncio é usado para expressar raiva, insatisfação e afirmar poder, mesmo que de forma passiva, ao ficar emburrado(a).

Utiliza meios de comunicação como mensagens de texto e redes sociais para evitar o contato direto e o diálogo franco.

Embora fisicamente presente, ele pode não participar de reuniões ou atividades. Quando forçado a se comunicar, pode limitar suas opiniões, dando respostas fechadas e monossilábicas o que impede o fluxo normal de uma conversa.

Age com a intenção de irritar o outro pouco a pouco.

Diz que está tudo bem quando na verdade não está. Existe a expectativa que o outro esteja atento e adivinhe, ao invés de conversar.

Projeta sentimentos de raiva nos outros.

Faz críticas constantemente, deixando a pessoa desconfortável e invalidando suas experiências e sentimentos.

Mestre em comentários sarcásticos com a intenção de para alfinetar o alvo.

Age de forma manipuladora e controladora. Quando precisa de alguém simula generosidade e carinho.

Coloca sempre a culpa nos demais, mesmo quando é de sua responsabilidade.

Odeia autoridade.

Rejeita qualquer sugestão ou conselho.

Apresenta amargura e hostilidade em relação aos pedidos de outras pessoas.

Atrasa intencionalmente ou comete erros ao lidar com solicitações dos outros.

Reclama frequentemente de se sentir desvalorizado, enganado e perseguido.

Gosta de se vitimizar, exagera os problemas pessoais para explorar a boa vontade do outro.

Sorri e dá risadas quando você menos espera.

Arquiteta vinganças mentais e se vinga mesmo que ele próprio se prejudique também.

Sente raiva de modo tão intenso que não conseguem nem manter contato visual.

O seu mal-humor pesa qualquer ambiente provocando um clima tenso entre as pessoas.

Faz falsas promessas de mudança de comportamento.

Se auto-mutila, faz ameaças, apresenta vícios ou dá sumiços, para que a pessoa se sinta culpada, assustada e sofra por ele, alcançando a atenção desejada.

Causas

Não existe uma causa exata que determina o comportamento passivo-agressivo. No entanto, fatores biológicos, ambientais e educacionais podem contribuir para o desenvolvimento desse padrão de conduta. Pesquisadores acreditam que pessoas que apresentam o comportamento passivo-agressivo aprenderam a ser assim durante a infância, foi o melhor modo de funcionamento que encontraram para digamos “sobreviver” ao ambiente que cresceram, além disso o estresse e a depressão também contribuem para formação dessa conduta.

NASCEMOS OU NOS TORNAMOS PASSIVO-AGRESSIVOS? 

Todos nós temos uma tendência em variados graus de evitar conflitos e só nos tornamos passivo-agressivos quando esse comportamento é recorrente. O mais provável é que esse padrão de conduta tenha sido estimulado no passado em ambientes familiares rígidos, onde não é permitido expressar emoções. Quando há esse tipo de proibição, a criança reprime o que sente e canaliza essa energia em agressão. Esta ferida do passado vai se transformar em agressividade latente, uma raiva reprimida, mas muito presente. Sendo castrada de expressar sua dor, essas crianças se tornam adultos com uma variação acentuada de humor e sentimentos intensos do amor ao ódio, sendo ora arrogantes ora submissos rapidamente.

NO PASSADO…

  • Geralmente foi criado numa família disfuncional;
  • Cresceu em um ambiente controlador, onde não sentia que tinha voz, então agir de forma passivo-agressiva pode ter sido uma maneira de conseguir algum tipo de poder;
  • Sofreu abuso infantil, negligência emocional (quando os pais não conseguem perceber, responder ou validar os sentimentos de seus filhos) ou punição severa;
  • Foi uma criança obrigada a assumir responsabilidades incompatíveis com sua idade;
  • Não foi ensinado como canalizar a raiva, nem expor sentimentos para lidar melhor com a frustração, por isso a raiva sempre é intensificada, o mundo parece injusto e ninguém o entende;
  • Possui baixa autoestima;
  • Observou que controlando os demais, assumindo uma posição de poder e manipulando as pessoas com gestos amáveis e carinhosos, consegue aquilo que deseja.

A pessoa se torna passivo-agressivo ao acreditar que os efeitos seriam piores se ela expressa-se sua raiva de forma direta, por isso faz indiretamente. Quando adultos, apresentam uma espécie de prazer ao frustrar as outras pessoas, usando esse padrão de conduta. Antes de causar qualquer tipo de mal-estar psicológico ao outro, o passivo-agressivo é primeiro vítima de sua própria instabilidade e problemas de relacionamento. 

A raiva quando não processada, mesmo que você queria bloqueá-la, ela não desaparece e fica fomentando, querendo encontrar um caminho na superfície da sua mente para extravasar. Acreditar que a raiva é irrelevante está errado, essa emoção deve ser sentida, trabalhada, entendida, expressa e ouvida para assim diminuir. Imagine o tanto de energia que você acumula quando reprime seus sentimentos, não tem como isso fazer bem para a sua saúde mental e até mesmo física, provavelmente, essa raiva será projetada em pessoas que não merecem, causando ainda mais transtornos. Por isso, a procura por ajuda psicológica é imprescindível.

Dependência emocional

Pessoas com esse traço de personalidade, possuem dificuldade em manter um debate com alguém, pois temem a rejeição, somente se sentem a vontade quando a conversa gira em torno de outras pessoas. Gostam de julgar os outros, mas tem medo de serem julgadas. Podem também evitar atividades em grupo, porque sentem desprezo pelo talento alheio.

O único objetivo da indiferença acompanhada pelo “silêncio ensurdecedor” do passivo-agressivo é fazer com que os demais se sintam mal pelas carências, pelo vazio que eles possuem. O comportamento passivo-agressivo caracteriza-se por ser dependente e manipulador. Sua arte enigmática nos relacionamentos provoca muito desgaste psíquico e emocional. Esse tipo de perfil desafiador, infelizmente é muito presente em casais, amizades e laços familiares.

É curioso como sua hostilidade latente e sua atitude desafiadora também está ligada à uma intensa dependência emocional dos outros. Ele despreza você, entretanto no fundo, ele depende de você, precisa da sua companhia, na verdade ele é cheio de inseguranças.

ARTE: The Green Masque (1922), de Oswald Birley.

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