Sinopse: Bernard Nominé é conhecido pela clareza de seus comentários, que tecem, de maneira ímpar, suas leituras da obra de Freud e do ensino de Lacan com a sua experiência da clínica psicanalítica. O problema da identidade tratado nestas seis conferências oferece-nos uma leitura aprofundada e sistematizada do conceito na sua relação paradoxal com a identificação e nos permite conferir um possível diálogo entre psicanálise e teorias do gênero, hoje surpreendentemente tão populares e midiatizadas. Com muito prazer, aprendemos com os enunciados de Bernard Nominé e, sobretudo, desde seu “ato de enunciação”.
Se você se interessa por psicanálise, Freud, Lacan e suas teorias de identificação, além da questão de gênero que está sendo discutida mais que nunca nos dias de hoje, essa é uma grande oportunidade de saber mais e se envolver no assunto.
Psiquiatra e psicanalista francês, Bernard Nominé, relaciona a lógica e o discurso lacaniano com exemplos práticos através de histórias reais, relações amorosas, casos clínicos, personalidades, contos, política e etc. Existe maneira mais atraente de explicar psicanálise como Bernard Nominé faz?
O livro é construído a partir de seis conferências, o que facilita ainda mais o entendimento, pois traz a sensação de estarmos realmente assistindo as explicações de Bernard Nominé, que aliás explica tudo de modo claro e tranquilo mediante à subjetividade e complexidade da psicanálise.
Estou empolgada com essa possibilidade de compartilhar uma prévia do meu aprendizado com os leitores do Melkberg. Em parceria com a editora Blucher, a qual sempre acompanhei, posso agora incentivar e apresentar obras para todos aqueles que estudam e se interessam por psicanálise. Esse foi o meu livro escolhido e garanto que irão gostar, principalmente, quem se identifica com as teorias de Lacan.
Freud utilizou três instâncias (Id, Ego e Superego) para representar a mente na segunda tópica, e na sequência Lacan utilizou três registros: o Real, Imaginário e Simbólico para o estudo da experiência humana. Mais precisamente, no registro Simbólico, que iremos acompanhar seu raciocínio através do discurso, lógica e álgebra lacaniana, lembrando que o registro Simbólico está mais próximo ao Superego em Freud.
Acredito que os dois psicanalistas famosos (Freud e Lacan) possuem percepções que se complementam. Portanto, não há motivos para os freudianos não lerem Lacan e nem os lacanianos não lerem Freud, mas, sim, todos estudarem profundamente ambas vertentes da psicanálise.
Abordagens da Psicanálise: Sobre Identidade e Identificações De Bernard Nominé
Para discutir as teorias de gênero, antes iremos aprender como se dá o processo de identificação segundo Freud e Lacan. Em Freud, a identificação acontece pelo Complexo de Édipo que foi reinterpretado por Lacan numa perspectiva estrutural. O Édipo é uma estrutura ordenadora. Nessa estrutura, a mãe ocupa o lugar de par dual (pequeno outro), e a sua função consiste em promover a identificação imaginária da criança ao falo. O pai, por sua vez, ocupa o lugar de terceiro (grande Outro), e a sua função consiste em operar a castração simbólica da criança. Basicamente, a função da mãe é abraçar e a do pai é cortar, o Complexo de Édipo é um triângulo.
Ou bem o Eu situa esse objeto como um objeto de desejo de amor que contém todas as qualidades, enquanto ele, o Eu, se rebaixa, se empobrece, faz tudo para tê-lo. Ou bem o Eu renuncia à busca desse objeto, renuncia a tê-lo e vai querer sê-lo. A identificação é isso. Na identificação, o Eu “introjeta” as qualidade do objeto e, então, se reforça.
Lacan diferencia três tipos de identificações inspiradas em Freud, são elas: a identificação por “incorporação” do Outro; identificação por regressão a um traço unário (einziger zug), tomado do Outro do desejo considerado como objeto; e a identificação histérica, o desejo do Outro é o que o sujeito histérico busca permanentemente e o que orienta em seu próprio desejo.
No contexto da globalização, a questão da identidade é mais crucial que nunca. Os “trumains” (humanos) como Lacan se referia, reivindicam sua identidade para não se dissolverem na massa, ou seja, querem ser singulares e não cairem no anonimato do grupo, configurando o narcisismo das pequenas diferenças.
Como vivemos em sociedade, necessitamos encontrar nosso lugar, essa é a função da identificação, procuramos nosso lugar dentro da ordem simbólica que é ligada à linguagem. Aqueles que não conseguem se identificar com o Outro, sofrem demais e são vistos como estranhos, perigosos, tornando-se confinados, esses seriam os psicóticos. Como o sujeito psicótico tem dificuldade de reconhecer identidades diferentes da sua, ele pensa que todos são como ele, podendo atribuir uma má intenção ao outro que de fato é sua, a vida em sociedade desse jeito é insuportável, precisamos nos identificar. Como exemplo de psicótico, Bernard Nominé irá abordar o caso clássico do presidente Schreber.
Identificar-se equivale a sentir-se sendo alguém, poder contar-se entre outros, o que lhe permite aguentar os fracassos sem ser aniquilado, reduzido ao nada ou perseguido por rivais malignos.
A identificação ocorre por imposição para encontrarmos o nosso lugar numa relação que não seja dual, porque na relação dual não há identificação, apenas há efeitos de espelho. Por isso, o psicótico dá a impressão de ter várias personalidades, já que a sua é dependente totalmente da personalidade do seu interlocutor, isto é, o psicótico se deixa levar facilmente pelos efeitos de espelho.
A partir da linguagem construímos a realidade. Para Lacan, o significante é sempre relativo a um outro significante, e um dos modos de relação entre os significantes é a oposição diferencial. Podemos pensar, por exemplo, que para os significantes “homens” e “mulheres” colocados acima das portas idênticas de um banheiro, a oposição diferencial entre os significantes que produz o significado.
(…) O gênero, ao contrário, é de ordem simbólica, é um produto de discurso. É o Outro que os reconhece como masculino ou feminino. Foram queridos, esperados como menino ou como menina. Foram nomeados em consequência disso. Porém, é também o outro, seu parceiro, quem os toma por homem ou mulher.
Somos todos neuróticos e, como tal, confundimos nosso desejo com a demanda do Outro
A interpretação dos sonhos será importante para explicar sonhos comuns em que mostram como confundimos o nosso desejo com a demanda do Outro, e também a revelação dos desejos de uma paciente histérica e de um obsessivo.
Bernard Nominé discuti nas seis conferências, casos de: impotência masculina, conflitos na relação amorosa, pressão social, fator biológico hormonal, identidade sexual, identidade de gênero, homossexualidade, travestismo, hermafroditismo e transexualidade. Todos os casos são relevantes para esclarecer fatos desconhecidos pela grande maioria e pouco introduzidos em debates pela sociedade, essa falta de informação acaba resultando em isolamento social, angústia, falta de prazer sexual, depressão, preconceitos e até o suicídio.
A identidade de gênero não é necessariamente equivalente à identidade sexual reconhecida quando nasce um indivíduo.
A psicanálise pode sustentar que é o sujeito que faz a eleição de seu sexo.
Para que serve saber? Pois bem, para nada mais do que ir contra a paixão pelo comum, paixão mais compartilhada pelos trumains: a paixão da ignorância.
Para encontrar o livro “Sobre Identidade e Identificações” de Bernard Nominé, BASTA CLICAR AQUI!
Ficou com vontade de ler?
Se você gostou do livro, não esqueça de deixar seu comentário e compartilhar com mais admiradores e estudiosos da Psicanálise ;) Encontre aqui Sobre Identidade e Identificações, de Bernard Nominé. Clique abaixo para saber mais detalhes.