Portadoras da Síndrome de Münchausen por Procuração, elas parecem verdadeiras bruxas, usam e abusam dos filhos como cobaias para conseguir alcançar seus próprios objetivos e atenção de todos. Assim, elas incorporam o papel de vítima e de mãe sofredora, fazendo com que sua maldade passe desapercebida, enquanto maltrata seu próprio filho.
Dentro de casa, elas possuem um grande arsenal e parecem entender toda a medicina, mas por trás de tantos remédios, instrumentos e aparelhos hospitalares, existe uma criança ou adolescente indefeso que é obrigado a submeter todos seus anos de vida, preso numa cama, sendo espetado por agulhas, por tubos de alimentação e tomando remédios sem saber o que está sendo inserido em seu organismo.
Com grande poder de manipulação, elas conseguem convencer até os médicos mais experientes e com isso, garantem um diagnóstico confirmando a mentira de que seus filhos sofrem devido à múltiplas doenças, necessitando de cirurgia urgente e tratamentos que costumam ser super invasivos, produzindo fortes reações adversas.
O que acontece após o diagnóstico? Como as vítimas não possuem doença nenhuma, o uso indiscriminado de medicamentos produzem efeitos colaterais, resultando a falsa impressão de que estão realmente doentes. Desse modo, as mães Münchausen continuam os abusos e os profissionais continuam confirmando o diagnóstico. Pronto, a magia está feita e o filho é enfeitiçado.
Síndrome de Münchausen
Agora vamos conhecer a Síndrome de Münchausen também chamada de “síndrome da dependência hospitalar”, “dependência policirúrgica” ou “síndrome do paciente profissional”:
Classificada como um transtorno fictício, no qual, a pessoa exagera ou cria sintomas físicos ou psicológicos para assumir o papel de doente e conseguir a simpatia, atenção e tratamento. Geralmente, os portadores dessa síndrome possuem: transtornos de personalidade como histriônica (indivíduos com necessidade de chamar atenção para si e comportamento sedutor inapropriado) ou borderline (indivíduos com mudanças súbitas de humor, medo de ser abandonado e comportamento impulsivo), sofreram algum tipo de abuso físico ou emocional precocemente e tem relacionamentos instáveis. Apresentando esse tipo transtorno fictício, o portador aumenta ou protege sua autoestima colocando suas próprias falhas na doença inventada e assim, retira sua responsabilidade por seus atos.
Quero deixar claro que a Síndrome de Münchausen não se confunde com a Hipocondria, pois o indivíduo hipocondríaco acredita fielmente que está doente. Já na síndrome em questão, o indivíduo sabe que não sofre de nenhuma doença, apenas quer aparentar que possui uma doença, devido aos transtornos psicológicos relacionados a identidade, carência afetiva, teatralidade e insegurança (personalidade borderline ou histriônica).
COMO IDENTIFICAR O PORTADOR? Pessoas com esse tipo de transtorno estudam a fundo alguma doença para produzir os sintomas de forma precisa, conseguindo então, enganar os médicos, porém a resposta ao tratamento é instável e ineficiente; Essas pessoas possuem grande conhecimento sobre procedimentos hospitalares; Não autorizam os médicos a conversarem com seus familiares ou amigos próximos; Tem uma boa resposta com o uso de placebos; Pioram quando estão sendo observados; Trocam de médicos e hospitais frequentemente; Buscam compulsivamente realizar diferente exames e procedimentos; Tem um longo histórico de internações e cirurgias; Aplicam injeções com bactérias para causar determinada infecção.
Síndrome De Münchausen Por Procuração
Agora, as mães, ou melhor, as Bruxas Münchausen que estou me referindo nesse post, são portadoras da Síndrome de Münchausen por Procuração “by proxy”, descrita originalmente pelo pediatra Roy Meadow, em 1977. Nesse tipo da síndrome, o indivíduo (geralmente a mãe) causa ou simula uma doença em alguém próximo a ele, que necessita de seus cuidados, ou seja, o mais provável, seu próprio filho, configurando o abuso infantil. As mães Münchausen, asfixiam seus filhos para simular um desmaio e chamar a ambulância, podem mutilar, injetar sal, açúcar ou qualquer substância na veia do filho.
ATENÇÃO E CUIDADOS COM A CRIANÇA
Daí a importância do profissional da área de saúde. Em caso de suspeitas, é indispensável realizar uma investigação minuciosa do histórico do paciente e exames clínicos para averiguar se o problema é mesmo psicológico e não físico. Quando se trata da Síndrome de Münchausen por Procuração, é necessário afastar a criança do responsável, antes que ocorram maiores danos. Esse afastamento da criança pode causar o sentimento de culpa nela e o pensamento de que está sendo castigada, por isso o apoio da família é fundamental, já que a ausência do pai também está associada aos abusos contínuos. O acompanhamento terapêutico é indispensável mediante aos traumas psicológicos.
As Mães Münchausen transmitem através da manipulação, a falsa imagem de que são mães cuidadosas e se preocupam com seus filhos. Infelizmente, a criança não consegue pedir ajuda e se sente coagida. Para identificar a vítima, observe se ocorre a melhora dos sintomas da criança no momento em que a mãe não está por perto.
Com o passar dos anos, quando o filho fica mais velho, as mães Münchausen conseguem até mesmo um laudo médico atestando que seu filho possui alguma deficiência ou retardo mental, para que ele não tenha o direito de responder por si próprio.
Tratamento Para As Mães Com Transtorno Fictício Por Procuração
Esse tipo de transtorno fictício é raro e existem diferentes graus de intensidade. O tratamento na maioria dos casos consiste na terapia cognitivo-comportamental, para mudar o pensamento e o comportamento do indivíduo. A terapia familiar também pode ser útil para ensinar os membros da família a não recompensar ou reforçar o comportamento da pessoa com o transtorno. Já os medicamentos, não existem nenhum determinado para tratar de transtornos fictícios, mas podem ser prescritos para qualquer doença relacionada como a depressão, ansiedade ou transtorno de personalidade.
O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO
O final dessa relação doentia, pode ser trágico, a mãe pode matar o filho, ou mesmo, o filho pode vir a matar a mãe. Crescendo dentro de um ambiente cercado de violência, retaliação e manipulação, para acabar com tanta dor física e psicológica, o filho pode se tornar um sociopata e perverso, como o famoso caso da garota Gypsy que foi transmitido pela HBO no documentário “Mãe morta e querida”. A evolução da história de Gypsy é marca pelas falhas do sistema nos EUA, sua mãe Dee Dee manipuladora e sufocante, conseguiu prender sua filha numa cadeira de rodas e numa cama por 15 anos, além de receber dinheiro para tratar a falsa leucemia e uma série de doenças que ela mesma criava para se beneficiar. Todas as filmagens do cotidiano delas foram gravadas por Dee Dee, como uma maneira de envolver pessoas boas para auxiliá-la em sua farsa.
Trailer: Documentário – Mãe Morta e Querida
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