Quem foi Nise? Se você não sabe, esse filme é uma ótima oportunidade para conhecer essa grande mulher e forte figura feminina que se contrastou ao cenário da medicina repleto por homens médicos e acabou revolucionando o tratamento e a atenção dada aos pacientes psiquiátricos, sendo a pioneira no processo da luta antimanicomial.
ANÁLISE PSICOLÓGICA E RESUMO DO FILME
Tudo se inicia com a Dra. Nise da Silveira chegando no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, em Engenho de Dentro (RJ) no ano de 1946, afim de trabahar no hospital, porém ao se deparar com o portão trancado, o ambinete nada receptivo já dava o recado a recém chegada psiquiatra. E pelo olhar de Nise, aquela que não sabia ainda o que estava por vir, o filme é contado.

Durante o assistir do filme, a sensação de abandono e exlusão dos pacientes psiquiátricos é inevitável e muito bem transmitida, dando a impressão de estar na pele da Dra. Nise. Outro aspecto, é o medo que os próprios funcionários induzem a todos que são considerados sãos por eles, de manter certo distanciamento dos pacientes como uma forma de precaução.
Toda linguagem médica torna o ambiente ainda mais hostil. Mas, Nise da Silveira apareceu para tranformar a hostilidade em afeto. Com muita cautela, ela foi conhecendo aos poucos o hospital, e colocando sua opinão mesmo que contrária aos médicos autoritários e sabichões da alta cúpula do hospital.
A todo intante, Nise é avisada por pequenos gestos agressivos que sua opinião não interessava aos demais médicos, e até mesmo o machismo se impõe em certos momentos quando todos médicos olham e se dirigem a ela, através de uma fala que demonstra desprezo e deboche.
Nise não era bem-vinda, não se importavam com ela e não estavam preocupados com seu trabalho, somente queriam que ela seguisse as regras do hospital e nada mais, porém com muita sutileza, seu pensamento começava a dar suas primeiras manifestações, por exemplo, ao mudar o termo paciente para cliente, proporcionando uma nova linguagem e forma de pensar sobre aqueles que ali estavam internados.
Pacientes não! Nós que devemos ser pacientes com eles, pois estamos a serviço deles. Eles são nossos clientes!

Apresentada as técnicas de lobotomia e eletrochoque que começaram a ser introduzidas no hospital como forma de tratamento, Nise ficou completamente assustada e revoltada, não aceitando realizar tais procedimentos em seus clientes. A partir daí, ela é excluída do grupo médico e entregam a ela, a única opção de trabalho que seria a terapia ocupacional.
Longe da alta cúpula médica, e tendo como espaço de trabalho, uma ala abandonada, Nise modificou o tratamento psiquiátrico e fez daquela forma de isolamento que lhe foi imposta, um encontro de criação artística, um ateliê. Aconselhada por um enfermeiro e artista plástico, um novo método foi descoberto.
Através da arte, seu trabalho foi humanista e acolhedor para todos os seus clientes que estavam em situação de abandono e exluídos da sociedade. A palavra certa é AFETO, o carinho que ela tinha com seus clientes, fez a diferença, e não só ela proporcionou afeto, como também, ensinou para seus clientes que eles tinham que interagir e olhar o próximo.
Com as descobertas e melhorias no tratamento, Nise percebeu que o afeto também podia ser proporcionado através do contato dos clientes com os animiais de rua, que também eram abandonados e entravam no hospital buscando abrigo, ela chamava os cães e gatos de coterapeutas. Além disso, os pacientes foram encorajados por ela, a construírem um novo espaço para eles, fazendo plantações de flores nos fundos do hospital.
Meu instrumento é o pincel, o seu é o picador de gelo (se referindo ao instrumento utilizado para realizar a psicocirurgia de lobotomia)
Nise promoveu a cura pela arte, ela não só disponibilizava as tintas, mas também outros materiais, como a argila que foi manuseada e deu forma às belíssimas esculturas feitas pelo personagem Lúcio que era muito agressivo no começo do tratamento e depois de exteriorizar a sua agressividade, ele ficou mais tranquilo, sociável e deu um sentido ao estado emocional que se encontrava.

Além de tudo, os clientes puderam realizar atividades fora do ambiente hospitalar, fazendo passeios ao ar livre e junto à natureza do Rio de Janeiro, festas foram promovidas para desenvolver a socialização entre eles e novas vestimentas foram dadas, para que cada um descobrisse e construísse sua própria individualidade, deixando de lado os uniformes padronizados e homogêneos.
Nise deu voz ao inconsciente dos que ali estavam sem voz alguma, através da arte e suas imagens, o inconsciente se apresentava diante dela, o avanço deu tão certo que algumas das telas foram expostas em museus de arte internacionais, outras foram enviadas para Carl Jung (psiquiatra e psicanalista que desenvolveu o conceito de inconsciente coletivo) na tentativa de entender melhor as imagens circulares que foram pintadas. Segundo Jung, seriam mandalas que exprimiam a cisão e forças autocurativas que procuram reunir as rupturas, o caos produzido pela psicose, em formas de contorno harmonioso. Após isso, Nise passou a considerar a psicologia Junguiana no tratamento da esquizofrenia.


Percebendo que seu trabalho com arteterapia estava trazendo resultados positivos, seus colegas de trabalho dominados pelo machismo, usaram formas cruéis para prejudicá-la, despertar o medo e conter ela, assim como faziam com os pacientes psiquiátricos, e parasse com o sucesso que não poderia ser construído por uma mulher que desafiou eles. Sofrendo tanta repressão e sabotagem, Nise mostrou que até mesmo os sãos enlouquecem e se descontrolam mediante a tanta violência psicológica e falta de liberdade realizadas através do abuso de poder.
O filme mostra superficialmente o contexto político da época de Nise e a luta que ela se envolveu, quem estiver interessado em saber toda a trajetória dela, comente comigo que faço um post somente sobre essa mulher que ainda é desconhecida por muitos de nós. Quem gostou, dá seu “joinha” ;)
TRAILER: NISE – O CORAÇÃO DA LOUCURA
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Não conhecia o filme e a história da Dra Nise da Silveira. Achei muito intressante e pertinente, apesar de passados mais de 70 anos.
A medicina avançou muito mas, ainda há muuto a conhecer. O comprometimento pessoal dos profissionais de saúde com seus pacientes é o mais importante em qualquer área.
Atitude como a dela certamente minimizaria várias situações, principalmente no SUS, em que o melhor para o paciente é substituido pelo descaso amparado, normalmente, em normativas burocráticas, sem sentido, para quem esta sofrendo.
Os problemas que pacientes neurológicos vêm enfrentando para tatar-se com Canabinol, é absurdo.
Parabéns pelo site
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