Às vezes acho quase um pecado
Expressar em palavras a dor que eu sinto.
Principal tema do livro mais recente de Andrew Solomon, toca numa ferida que sempre ficou escondida em nossa sociedade. Este livro aborda o suicídio. E ninguém melhor do que o próprio autor para refletir sobre esse tabu. Formado em Letras, Andrew Solomon se especializou na área de Psicologia. Ele luta contra depressão, faz terapia e já vivenciou momentos psicológicos perturbadores como o suicídio. Autor dos livros “Longe da árvore, Lugares Distantes”, que trata sobre distúrbios de aprendizagem, e “O demônio do meio-dia”, sobre depressão, “Um Crime Da Solidão – Reflexões sobre o suicídio” é uma ótima sugestão para um primeiro contato com as obras de Andrew Solomon, eu fiz isso e valeu a pena essa experiência.
Livro com poucas páginas, mas completo e objetivo. “Um Crime Da Solidão – Reflexões sobre o suicídio” não deixa nada escapar, você consegue lê-lo rapidamente e ter uma visão ampla sobre esse grande assunto obscuro. Podem ser dias curtos de leitura, porém serão intensos com direito a desabafos e revelações.
(…) ‘A depressão leva tudo que eu realmente gosto em mim, que, aliás, nem é tanta coisa assim. Me sentir desamparada e cheia de desespero é apenas um jeito mais lento de estar morta’.
Quem possui ideação suicida, ou seja, aquele que pensa, planeja e deseja sua própria morte. Quem viveu o suicídio de alguém querido. E até mesmo, a sociedade que é privada da real dimensão dos suicídios não revelados para não incitar mais ocorrências. Falar sobre suicídio é desagradável? Sim, mas necessário. Enquanto não olharmos para aquilo que nos assombra, não enxergaremos luz alguma e, mais casos como estes, tristes contidos no livro poderão ocorrer.
Você é… você nem merece viver. É uma inútil. Nunca vai ser nada. Você não é ninguém’. Foi quando de fato comecei a pensar em me matar.
O suicídio é um sintoma da depressão não tratada ou mal tratada, pessoas que morrem desse jeito, escolhem essa alternativa por desespero, desesperança e intenso sofrimento. Nos Estados Unidos, a cada quarenta segundos alguém comete suicídio.
O suicídio pode ser uma solução permanente para um problema temporário.
Lendo as páginas, iremos nos deparar com dois casos de suicídio, pessoas próximas ao Andrew Solomon, que ele jamais imaginaria que um dia, iriam partir assim. Muito difícil, não se emocionar com sua delicada e emocionante narração. Ele que viveu a depressão por longos anos, é homossexual e passou por uma das maiores dificuldades da vida, que é se aceitar e ser respeitado pelas pessoas como qualquer cidadão.
Andrew Solomon discuti sobre a importância da formação dos profissionais da área de saúde metal, como a falta de preparo e tempo suficiente de experiência podem deixar passar despercebida a possibilidade de um suicídio ou a hora certa de alertar e interferir, para que o pior não aconteça. Até que ponto, o sigilo de uma confissão do cliente deve ser rompido para a proteção dele mesmo.
Depressão é uma doença da solidão, e a privacidade de um deprimido nada tem a ver com dignidade; é uma prisão. Os terapeutas podem ser perigosamente ingênuos nesse sentido.
O processo do luto de alguém que perde uma pessoa querida dessa forma tão brutal e violenta é expressado pelo próprio autor que viveu isso na alma com todos seus questionamentos, sentimento de culpa e tristeza que parece não ter fim.
Nada é mais presente do que a ausência.
Já ouviu falar sobre a epidemia de suicídio? Toda a dinâmica envolvida nesse macabro evento, é revelada. E quando o suicida é um famoso, aí as coisas se complicam ainda mais. Depois que Robin Williams tirou a própria vida, houve um aumento de quase 10% na taxa de suicídios não só por depressão mas também por impulso de imitação. Sim, o suicídio pode ser contagioso.
O fato de alguém ser extremamente feliz não significa que não seja extremamente triste; a extrema felicidade é em geral uma janela para a tristeza, se soubermos olhar por ela.
Não disse que o livro era curto sem deixar nada escapar? Andrew Solomon também debate sobre o tema, através das obras literárias da brilhante Virginia Woolf que suicidou-se; fala sobre o homicídio-suicídio; grupo de risco; homossexuais suicidas; predisposição genética; a própria experiência do autor com a depressão e seu tratamento; além de um panorama sobre a doença da solidão.
Embora algumas pessoas adquiram o pior de sua angústia de modo vulcânico e precoce, em outras ela se desenvolve como uma plataforma continental. Pessoas se matam em qualquer fase da vida.
“Um Crime Da Solidão – reflexões sobre o suicídio” trata de um assunto pesado, talvez você não devore o livro em poucos dias, justamente pela empatia que sentimos ao ler histórias reais e tristes mencionadas pelo autor. Logo que eu soube do lançamento, já imaginei que seria um bom livro. Andrew Solomon escreve de uma maneira fácil e tocante para o leitor. Eu pretendo ler agora outras obras desse autor. E você, já leu algum livro dele? Comente aqui embaixo e diga se gostou da indicação de livro *•*
Ficou com vontade de ler?
Encontre aqui Um Crime Da Solidão – Reflexões sobre o suicídio, de Andrew Solomon. Para saber mais detalhes, clique no link abaixo.
Eu comecei pelo “O demônio do meio dia”. Dê uma conferida nas “TED talks” dele. São excelentes. Você também vai gostar. Obrigada por compartilhar texto tão interessante.
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Comecei pelo livro mais recente dele, mas preciso ler esse sobre depressão. Vou conferir, sim! :)
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