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É Fome ou Fomo? Só sei que estou enjoada do virtual

Tanto tempo sem aparecer nas redes sociais e só posso dizer como me sinto bem assim e como aquilo estava me fazendo mal e sigo sem vontade de voltar.

Quando abro o app é como se eu abrisse uma geladeira cheia de comida linda e apetitosa, porém estou enjoada demais e nada é capaz de passar meu enjoo. Saca?

Lembro que criei um perfil no insta para divulgar o meu trabalho e tentei fazer o negócio dar certo. Entretanto, o que acontecia era sempre o mesmo, muito interesse envolvido na minha vida pessoal. O resultado me desanimou. Além disso, infelizmente, conheci indivíduos dos mais dissimulados e abusivos no virtual. Então conclui, o que realmente funciona comigo é apenas continuar com as técnicas de SEO e contar com a ajuda do Sr. Google para me destacar no buscador.

Como adoro conversar com pessoas que tem algum conhecimento a me agregar, eu também compartilho a minha reserva de saberes. Estudo continuamente e por isso vou evitar tipo de mídias sociais que não dão oportunidade para essa troca. O meu produto é meu trabalho, o serviço que presto como psicoterapeuta.

Minha privacidade é um bem valioso e eu não tô afim de me tornar um produto exposto na prateleira da geladeira, onde você consome e descarta quando se enjoa. Até porque minha rotina não tem nada de especial assim como a de vocês e eu não vou inventar uma persona e nem viver uma vida dupla pra agradar ninguém.

A partir daí, o conteúdo nas redes sociais foi minguando. Eu lembro que passei a postar somente nos fins de semana, depois, quinzenalmente, mensalmente e quando notei já estava quase um ano sem aparecer.

O mais bizarro é observar que as pessoas que mais reclamam como a rede social as deixam com ansiedade são as primeiras que param de me seguir, por causa da minha ausência. Ou seja, reclamam do mal que praticam. Está vendo como o negócio é problemático?

Atualmente, eu me transformei no temido fantasma, acompanho pouquíssimos seguidores, de preferência os que conheci no mundo real. E peguei ranço de fotos muito armadas, com aquele cenário fake, todo produzido, com aquela paleta de cores enjoativa que só muda quando entra outra tendência. Cansei. Pra mim, tudo que se mostra perfeito demais, esconde uma imperfeição monstruosa. No fim, mentes doentias fabricam mentes doentias.

Eu que sempre fui focada, comecei a perder o rumo das coisas por influência do algoritmo. Mordi a isca como alguém que quer aprender de tudo nessa vida. Logo me bombardearam de conteúdos explicativos, um monte de professores vendendo cursos – e sabe se lá se são professores – especialistas dando suas palestrinhas.

Agora todos se tornaram formadores de opinião e não sei nem de onde são, qual bolha estourou e “Bibidi-Bobidi-Bu” surgiu na minha tela. Saí pra lá. Vamos ser realistas, tá cheio de dinheiro, contatinhos e agência de publicidade por trás dessas figuras.

A partir daí comecei a reparar nas curtidas das postagens sugeridas e perceber que meus seguidores estavam interessados nas mesmas coisas que eu. Então espera, estão querendo fazer grana às custas da minha saúde mental? E meus planos estavam sendo deixados de lado, pois mal dava conta de tudo ao mesmo tempo. Começaram a surgir pensamentos acelerados, eu negligenciei no começo até que acordei e fuuui.

Notificações? Nem pensar. Entrar? Apenas uma vez ao dia. Postar? Sigo sem vontade. Contudo, uma coisa eu tenho certeza, minha relação com as redes sociais não é mais a mesma. Apesar de gostar e produzir conteúdo digital, o meu público em geral não se encontra lá.

E como tenho andado com saudades dos velhos tempos, quando sequer iríamos imaginar que no futuro apareceria uma síndrome chamada FOMO (o medo de ficar de fora, de perder algo). Curtíamos a passagem das horas no seu devido ritmo, nada acelerado demais e exigente demais, cada coisa no seu lugar e não tudo misturado.

Resumindo, antes não tinha esta poluição de vozes que parecem ruídos, imagens semelhantes à propagandas, mensagens de cunho publicitário. Estou saturada desse tipo de conteúdo travestido de entretenimento, sendo a maioria irrelevantes, e nem é possível lembrar todas as coisas que se passam por essas telas, numa velocidade e rol infinito. Meu cérebro, agradece.

E se você me vir por aí no virtual, pode ter certeza, eu vou publicar uns conteúdos aleatórios e sumir mais uma vez, porque o real está demandando demais de mim. Uma realidade já basta. Para que outra, ainda por cima bugada?

Escrito em junho de 2024.

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