Violência psicológica é crime? Saiba identificar os sinais, o agressor e a vítima - blog de psicologia Melkberg - violência psicológica - vítima - agressor - crime - dependência afetiva - carência afetiva - psicológico - formas - sofre - sinais

Violência psicológica é crime? Saiba identificar sinais, agressor e vítima

É a ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal.
Conselho Nacional de Justiça

Violência psicológica é aquela que fere a alma, o psicológico, o emocional. Na maior parte dos casos, a violência psicológica ocorre quando existe uma relação desigual de poder. Sendo assim, o agressor exerce sua autoridade sobre a vítima, sujeitando-a à aplicação de maus-tratos mentais, psicológicos de forma contínua e intencional, causando a humilhação, ridicularização, sensação de incompetência pessoal, perda de autonomia e dignidade. Depois de maltratar o psicológico, a integridade física da vítima entra em risco.

A agressão psicológica é realizada, principalmente, através do uso da linguagem, nomeando, rotulando e desqualificando o sujeito. As “alfinetadas” constantes, o “tirar sarro da cara do outro”, ofensas ou indiferença e desprezo afetivo atingem de forma recorrente com nítida intenção de prejudicar o autoconceito, a autoimagem e a autoestima da vítima.

A violência psicológica começa dentro de casa, no âmbito doméstico e familiar que os agressores aprendem a violentar. A opressão, desrespeito e diminuição da vontade do outro através do grito, da ordem e submissão, o “cala a boca”, que impedi a expressão verbal de ideias contrárias ao chefe de família, o senhor e senhora da casa, são algumas maneiras usadas para violentar e desqualificar o outro, considerado inferior dentro de uma hierarquia.

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Quem sofre de violência psicológica?

Mulheres, crianças, portadores de qualquer deficiência, idosos, homens… geralmente o agressor escolhe o perfil de pessoas dependentes, inofensivas e inseguras. Quem sofre de violência psicológica é negligenciado e torturado psicologicamente pela desproporcional impaciência e intolerância do agressor. A vítima dominada pelo agressor, na maioria das vezes, possui baixa autoestima, provavelmente devido ao histórico de angústia e opressão em sua vida.

Dependência Afetiva

Em muitos casos, podemos observar que a dependência afetiva está ligada à violência psicológica, principalmente, em relacionamentos amorosos. A vítima guarda em segredo seu sofrimento e, confunde agressividade e ameaças com proteção e desespero em manter o relacionamento.

Como identificar os sinais?

Os agressores psicológicos são pessoas que sabem manipular, eles conseguem introjetar o sentimento de culpa na vítima e punem ela quando toma atitudes contrárias ou expressa pensamentos diferentes do agressor, isso tudo se inicia de maneira sutil para que a vítima não perceba e piora com o tempo.

Preste atenção nos seguintes sinais, para identificar se você sofre de violência psicológica: A pessoa com quem se relaciona, te sufoca e controla sua vida, quer saber todos os seus passos, ultrapassando os limites da privacidade e liberdade individual; o agressor te coage e pressiona a fazer tudo como ele quer e ainda te critica, para mostrar que você nunca está à altura dele; você é alvo de “brincadeiras” aparentemente inofensivas que denigrem e acabam com sua autoestima aos poucos; com o tempo, você se afastou de seus amigos, familiares e também das atividades que antes proporcionavam prazer; sempre se sente ansioso(a) e angustiado(a). Verificado esses sinais, a dependência afetiva ou manipulação e intimidação já foram estabelecidos, dificultando o pedido de ajuda e a busca de tratamento, esteja ciente que você já se encontra coagido(a) e envergonhado(a) de conversar sobre isso com alguém.

Quais as formas de violência psicológica?

CAUSAR DEPENDÊNCIA DO OUTRO acontece quando o agressor identifica a carência afetiva na vítima e usa disso para controlar o comportamento dela e fazê-la sentir incapaz de tomar suas próprias decisões.

VIOLÊNCIA VERBAL expressada por palavrão e xingamento, com o objetivo de desqualificar e julgar o outro como inferior.

INDIFERENÇA omissão ou o descaso com a vida e as necessidades da vítima, o que pode ser tão sofrido quanto receber qualquer tipo de desaprovação declarada.

INTOLERÂNCIA OU DISCRIMINAÇÃO o agressor despreza as características culturais, valores e crenças diferentes das suas.

PERSEGUIÇÃO não basta ridicularizar e intimidar apenas uma vez, o agressor faz isso constantemente, afastando todos ao redor da vítima. Conhecido como bullying nas escolas e assédio moral no trabalho, comprometendo as notas e desenvolvimento do aluno, e causando baixo rendimento e produção do trabalhador, fazendo-o sentir incompetente e desmotivado.

CHANTAGEM prática imoral que consiste em condicionar o outro ao coagir e ameaçar para que consiga o resultado que satisfaça apenas a vontade do próprio chantagista, trazendo grandes prejuízos à vítima.

Danos causados na vítima de violência psicológica

O estresse, medo, vergonha e angústia causados pela violência psicológica deixam marcas profundas na mente, provocando o adoecimento psicológico, como: complexo de inferioridade; depressão; isolamento social, pânico e fobias; sintomas paranóides; transtornos alimentares e outros tipos de compulsões; e consequentemente o suicídio, caso a vítima não procure tratamento psicológico para superar o trauma, a depressão e conseguir confiar novamente no ser humano.

Violência psicológica é crime?

A violência psicológica é um crime aparentemente invisível, que paralisa suas vítimas durante anos. Está previsto em lei como crime passivo de punição criminal e civil, porém como não existe uma forma de comprovar isso nas delegacias, nenhuma medida de punição é tomada devidamente. Se os crimes visíveis são esquecidos em nosso país, imagine como os crimes invisíveis são tratados pelas autoridades…

É preciso coragem e escolher alguém de confiança para contar sobre seu sofrimento, pois nos primeiros passos ao pedir socorro, infelizmente, muitas vítimas caem nas mãos de pessoas que julgam elas como sensíveis demais, que não sabem se relacionar e até mesmo como loucas, complicando e adiando a solução do problema.

As vítimas podem ser encaminhas para orientação e proteção de seus direitos, pelo: Conselho Tutelar (Crianças e adolescentes); Delegacia da Mulher; Conselho Municipal do Idoso; Ministério do Trabalho ou Ministério Público do Trabalho; e na ausência desses órgãos públicos, procurar a Promotoria Pública Estadual. Em caso de depressão, podem ligar para o número 188 e pedir apoio emocional e orientação ao Centro de Valorização da Vida (CVV), conversando em total sigilo e de forma gratuita, também existe o e-mail e chat 24 horas todos os dias, clique aqui para saber mais.

Não se acomode! Se o agressor não reconhece o problema, mantenha distância dele e procure ajuda. O próprio sentimento de culpa que o agressor introjeta em você é para causar confusão e te impedir de sair dessa situação.

Imagens – Pinterest

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4 comentários em “Violência psicológica é crime? Saiba identificar sinais, agressor e vítima”

  1. É a ação ou omissão destinada “a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças” e decisões de outra pessoa “por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta”…

    Sua matéria é extremamente importante, ela vai me levar a questão de criação de paradigmas. Sequencialmente ficaria assim, primeiro temos o ego humano (esse ego muitas vezes está ligado a uma insegurança e necessidade de poder), dele surge a violência psicológica, e a partir disso se cria um paradigma, que posteriormente se tornará um padrão e estilo de vida.

    “Um paradigma engloba um sistema de crenças sobre a realidade, a visão de mundo, o lugar que o indivíduo ocupa nele e as diversas relações que essa postura permitirá com que considere existente” – (Implicaciones de los paradigmas de investigación en lá práctica educativa – Manuel Flores Fahara, 2004)
    “O paradigma indica e guia seus seguidores em relação ao que é legítimo, válido e razoável.” – (Qualitative evaluation and research methods – Michael Quinn Patton, 1990).

    Isso está presente no artigo “Los Paradigmas de la Investigación Científica”. Existem paradigmas em todas áreas da sociedade, inclusive na área da ciência, falarei dela no final.
    Vamos por parte. E a sua opinião pra mim no final vai ser muito importante.
    Você acha que a violência psicológica é um dos fatores principais para a criação de paradigmas?
    Por mais que usemos a expressão “violência”, a manipulação muitas vezes é sútil e não percebida por quem sofre a violência/manipulação (principalmente quando essa violência já se tornou algo cultural). Se tornando como eu disse um padrão/estilo/modo de pensar.
    Temos padrões culturais que nascem do ego/violência psicológica.
    Exemplo, temos culturalmente a ideia de que mulher não pode jogar futebol, essa ideia nasceu na mentalidade masculina, no alicerce do ego, e se transformou num paradigma, e hoje parece até natural dizer que futebol não é esporte pra mulher, parece que virou regra, se tornou um modo de pensar comum, e com isso nascemos numa cultura onde desde criança temos a ideia de que futebol é só para garotos, e isso cria na menina desde pequena um afastamento desse esporte, não porque ela não seja capaz de praticá-lo, mas seu gosto foi moldado por esse paradigma, que nasceu de uma violência psicológica, ou seja, o homem implantou a ideia de que futebol é algo masculino, e adotamos isso como padrão.
    E agora vem a parte interessante, “hoje não é preciso exercer uma violência psicológica na mulher para lhe dizer que futebol não é para ela, pois a violência psicológica feita lá traz, criou um “campo” de pensamento/paradigma, que hoje se tornou “estilo natural de vida”, ou seja, a violência se tornou cultura, e cultura não é interpretado como violência. “Ego/Violência/cultura”.
    Já foi colocado na mentalidade da menina que futebol não é para ela, então não é preciso mais forçar uma violência contra isso novamente, já se tornou cultural.
    Uma violência praticada hoje, se repetida várias vezes, no futuro se torna um paradigma tão forte socialmente, que ela vai afetar naturalmente as pessoas sem que elas percebam que isso nasceu de uma violência psicológica.

    Quem manipula tem um objetivo de poder por traz ligado ao seu ego, como você mesma disse, “a violência psicológica ocorre quando existe uma relação desigual de poder”. A desigualdade de poder como sendo um fator para se criar um paradigma. E isso gera como foi dito por você, “sensação de incompetência pessoal, perda de autonomia”. (No caso do exemplo do futebol, a mulher se sente incapaz de jogar esse esporte, não porque ela não tenha capacidade, mas porque foi colocado nela desde criança que esse esporte não lhe pertence).
    “Igual aquela história do elefante amarrado desde novinho, quando ele cresce ele se sente incapaz de se livrar da corda que o prende, mesmo sua força sendo suficiente para sair e ir embora”.

    Desde 2015 acompanho uma página chamada Dibradoras, que é formada por jornalistas esportivas, mas com foco especial ao futebol feminino.
    Essa página foi criada em 2015 em razão desse mesmo ano ter sido realizado a copa do mundo feminina no Canadá, e toda semana havia podcast pra comentar sobre as partidas.
    E no podcast, que com o tempo se transformou em artigos no site, eram levantadas questões sobre o motivo do futebol feminino não ter a mesma visibilidade e estrutura que a modalidade masculina.

    A violência psicológica se encaixa perfeitamente como uma resposta desse “motivo” e nos ajuda a entender como nasce um paradigma/preconceito, que tem como alicerce o mantimento do poder/ego do agressor. E cito novamente seu texto, “relação desigual de poder”.
    É aqui onde tudo se inicia. É só fazer um levantamento histórico da civilização humana, da suméria até hoje, tudo foi ligado ao poder, aquele que tem o poder e os que sofrem na mão dos que possuem o poder.
    Aplicando isso ao futebol feminino, (mas pode ser aplicado a qualquer tipo de desigualdade), estaremos lidando com um paradigma que se estende para longe do esporte, no caso do futebol, a sensação de poder masculina.
    Muitas paginas de jornalistas como Dibradoras e entre outras, fazem campanhas e também entrevistas com os dirigentes de clubes de futebol, trazendo a reflexão sobre como podemos melhorar a modalidade.
    Nesse ponto precisamos entender como nasce esse preconceito, e como dito acima, passa por um processo entre ego/violência psicológica/paradigma/estilo de vida.

    Vivemos em volta de muitos paradigmas. E paradigmas moldam o gosto e opinião das pessoas. No cinema, o motivo de haver poucos filmes de terror dirigidos por mulheres se deve a falta de interesse de diretoras mulheres pelo gênero horror ou é porque os estúdios não dão espaço a elas? Se é porque não dão espaço caímos na mesma conclusão do futebol feminino, é na sociedade de modo geral onde está o preconceito (não necessariamente somente em quem está no poder, no caso os estúdios de cinema), gerado pela desigualdade de poder, e essa desigualdade de poder é consequência do que chamamos de inconsciente coletivo (a frente citarei o trabalho do biólogo (Rupert Sheldrake), que formam paradigmas, ou seja, já nascemos com o pensamento de que balé é só para mulheres, ou que homens não podem chorar, todas essas ideias já definidas na sociedade, são frutos da violência psicológica, que com o tempo se tornam um padrão de pensamento que nem mais percebemos que estamos sendo influenciados por uma violência psicológica.
    Temos paradigmas no estudo da história de nossa civilização, na arqueologia, muitos arqueólogos hoje por exemplo, mesmo reconhecendo a datação antiga do sitio arqueológico de Gobekli Tepe, muitos não aceitam colocá-lo na cronologia histórica, não concordam com a ideia de povos habitando a América antes de 13.000, mesmo havendo alguns indícios da presença humana nesses territórios muito antes disso.
    Então dentro do que chamamos de “academia”, temos ali um pensamento/paradigma já definido, toda teoria ou achado que contradiz esse “campo de ensino” é rejeitado.
    Novos historiadores aprendem uma linha de pensamento já determinado por seus professores, é uma violência psicológica? Sim, todo pensamento imposto de forma obrigatória é uma violência, e no caso do campo arqueológico, nos fechamos para novas evidências pois elas agridem tudo o que foi aprendido na academia até então, aceitar novas possibilidades é negar todo aprendizado adquirido.
    Como eu li no artigo “Los Paradigmas de la Investigación Científica”, onde se trata sobre o Positivismo x Pós-Positivismo na ciência, existem divisões filosóficas nos trabalhos científicos ,e cada um vai defender a sua opinião, e negam o outro não porque estão errados ou certos, mas porque o ego prevalece na decisão e isso cria uma violência psicológica que mais tarde se tornará numa escola de ensino, e cada nova escola de ensino irá aplicar a sua própria linha de pensamento, onde os alunos aprenderão uma filosofia, e posteriormente negarão as demais.

    “A sociedade na qual se vive é fruto de um longo processo histórico influenciado pelas mudanças paradigmáticas da ciência”. – (Artigo – A Evolução dos Paradigmas na Educação: Do Pensamento Científico Tradicional a Complexidade).
    No mesmo artigo se diz: – “Os paradigmas são necessários, pois fornecem um referencial que possibilita a organização da sociedade, em especial da comunidade científica quando propõe continuamente novos modelos para entender a realidade. Por outro lado, pode limitar nossa visão de mundo quando os homens e mulheres resistem ao processo de mudança e insistem
    em se manter no paradigma conservador. A aceitação ou resistência a um paradigma reflete diretamente na abordagem teórica e prática da atuação dos profissionais em todas às áreas de conhecimento.” – (A Evolução dos Paradigmas na Educação: Do Pensamento Científico Tradicional a Complexidade).
    O paradigma muitas vezes se tornam uma lei tão rígida, que muitos não querem quebrá-la e ver novas possibilidades, por isso a relação da sociedade entre a mulher e o futebol é algo tão complicado de se mudar, pois já é algo estabelecido socialmente, e como eu disse, fruto de uma violência psicológica, ou seja, a visão de que a mulher é incapaz de praticar esse esporte, da mesma forma a violência psicológica de uma área filosófica da ciência em que nega o outro lado o diminuindo e o atacando para que a sua visão e teoria prevaleça sobre as outras.
    Tudo violência psicológica que se torna uma linha de pensamento e posteriormente uma regra a ser seguida.
    “Essa mesma ideia foi reforçada por Cardoso (1995), quando afirma que a crise paradigmática provoca mal-estar na comunidade científica, mas, por outro lado, faz emergir para alguns cientistas a consciência do momento oportuno para uma profunda renovação de suas concepções. A mudança de paradigma é um processo difícil, lento e a adesão ao novo modelo não pode ser forçada, pois implica na mudança e até na ruptura de idéias, conceitos e
    antigos valores”. – (A Evolução dos Paradigmas na Educação: Do Pensamento Científico Tradicional a Complexidade).
    Quebrar paradigmas é mexer com o ego.

    Ao nascer somos influenciados por nossa cultura, e querendo ou não somos vítimas dos paradigmas, povos antigos olhavam para as catástrofes, e ao mesmo tempo olhavam para seus deuses, a mentalidade estava unida as suas crenças, com isso, a interpretação dos eventos não se distinguia de sua religião.
    “Na Pré-história, todos os fenômenos da natureza eram atribuídos aos
    deuses, logo, a verdade era sobrenatural, revelada por inspiração divina.
    A população e eles mesmos acreditavam que tinham o poder
    de contato com os deuses. Este período caracteriza-se pelos mitos, o que
    acaba se refletindo na proposição do conhecimento. Segundo Vasconcellos
    (2002), o mito ou “mythos” é uma forma de conhecimento inspirada pelos
    deuses, sem preocupação de colocá-lo à prova. É nesta era que a humanidade
    constrói seu primeiro paradigma da ciência, no qual acredita ser capaz de
    explicar e organizar a natureza, a vida social e o mundo psíquico, tendo como
    bases paradigmáticas à existência de dois mundos: o mundo real e outro
    sobrenatural (CARDOSO, 1995).” – (A Evolução dos Paradigmas na Educação: Do Pensamento Científico Tradicional a Complexidade).

    Também é um fruto de violência psicológica, nem toda violência psicológica tem uma intenção de diminuir o outro, nesse contexto de mundo antigo, você nascia numa cultura politeísta, se você negasse as intervenções divinas, você era excluído do campo de pensamento e crenças da época, então querendo ou não você era vítima de um paradigma, a violência psicológca que lhe impõe um pensamento a ser seguido.

    O impacto psicológico que uma lenda ou lugar tem em uma pessoa molda toda a visão futura de novos indivíduos que irão interagir com ela, com isso podemos chegar no estudo dos campos morfogenéticos de Rupert Sheldrake e seu livro “Morphic Resonance : the Nature of Formative Causation”.
    (Sheldrake propõe que todos os sistemas auto-organizados, dos cristais às sociedades humanas, herdam uma memória coletiva que influencia sua forma e comportamento).
    Vale a pena estudar suas pesquisas. Resumindo, Rupert é um biólogo que traz a ideia do quanto um pensamento/ideia/visão de mundo pode impactar futuras gerações, ou seja, um pensamento cria uma espécie de “campo”, como um “HD virtual”, esse campo de pensamento impacta pessoas próximas a ele, até criar uma “cultura/paradigma/estilo de vida”.
    Trazendo esse estudo para a violência psicológica, quantas pessoas não são impactadas psicologicamente por um pensamento já definido em nossa sociedade?
    Se você cria um estilo de vida, um comportamento, com o tempo isso se torna comum, todo ato repetido se torna um processo natural, a mulher acaba sendo tão atacada psicologicamente de que ela não é capaz de exercer certa função profissional, que com o tempo isso cria um “campo”, e se torna um paradigma, que a mulher passa a creditar que de fato ela não é capaz, e no futuro, ela achará isso normal, sem saber que isso nasceu de uma violência psicológica no passado, e hoje ela só replica o pensamento que foi criado antes, vítima desse campo de “ideias e pensamentos”, pois essa violência se tornou um padrão cultural.
    Gostaria de saber sua opinião sobre isso. E recomendo ler sobre Rupert Sheldrake.

    Eu li as duas matérias sobre O Jardim Secreto, fico feliz em saber que você gosta dessa obra.
    Conheci essa história através da animação que assisti na infância e foi um filme que me marcou muito na época. Gostei da parte em que você cita sobre a empatia (no sexto ensinamento), pois empatia é algo muito significativo pra mim na construção da narrativa no gênero de terror psicológico. Uma narrativa ruim, mas que tenha uma relação empática com o expectador, transforma o filme em algo significativo para ele. Como citei em sua matéria sobre filmes de terror, em que falei sobre o filme Inner Senses, o seu nível de empatia moldará o quanto um filme ou livro se tornará importante pra você.

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    1. Historicamente, as mulheres percorreram uma longa trajetória para alcançar a igualdade. Antigamente eram vistas como propriedade do homem, agora são titulares de direitos. Por mais que existam mulheres que agridem homens, o que ocorre com frequência é um perfil do agressor do sexo masculino que detém uma posição de superioridade ou dominação (econômica, intelectual, poder familiar) em relação ao assediado que geralmente é o empregado, cônjuge ou filho do sexo feminino. O homem agressor se sente livre para abusar moralmente, psicologicamente e fisicamente da mulher que está numa posição hierárquica inferior a ele.

      Muitas vezes, esse agressor ataca a vítima mesmo em público, porém de forma sutil para que ninguém perceba. Ele intimida, ameaça, humilha e manipula, atingindo a saúde psicológica da vítima que tem a sua liberdade e autoestima retirada ao se sentir coagida, por exemplo, para deixar de estudar, trabalhar, conversar com amigos e parentes, se divertir, expressar seus pensamentos e tomar decisões. Dependendo da condição econômica ou social da mulher violentada, ela acaba sofrendo uma pressão psicológica, retira a queixa ou mesmo se sujeita a continuar sendo agredida por anos.

      “Ninguém duvida que a violência sofrida pela mulher não é exclusivamente de responsabilidade do agressor. A sociedade ainda cultiva valores que incentivam a violência e que impõe a necessidade de se tomar consciência de que a culpa é de todos. O fundamento cultural decorre da desigualdade no exercício do poder e que leva a uma relação de dominante e dominado que acabam sendo referendadas pelo Estado. Daí o absoluto descaso de que sempre foi alvo a violência doméstica.” (Maria Berenice Dias, 2007)

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      1. Obrigado pela resposta. Estou te enviando uma playlist de um trabalho de recitação que fiz com algumas amigas sobre o futebol feminino, contando histórias de meninas que sonham em jogar futebol. Eu escrevi os poemas e algumas amigas recitaram.

        Gostaria de perguntar, você acha que a mudança de comportamento é a saída para se quebrar paradigmas e também preconceitos?
        É através da mudança de comportamento que podemos criar uma cultura diferente?
        Mudanças de atitude afetam outras pessoas sem elas mesmas perceberem como um “inconsciente coletivo”, tratado no estudo de Rupert Sheldrake, que apesar de seu trabalho se basear na biologia (especificamente das plantas), sua ideia de campos morfogenéticos é uma boa reflexão sobre o impacto que uma ação/estilo de vida/ comportamento, se repetida várias vezes, tem sobre futuras gerações.

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      2. Pensar na sociedade como um todo, é mais complicado. A mente de cada indivíduo funciona de um modo singular. Eu acredito que tanto a alteração do padrão de pensamento como de comportamento é poderosa, e pode sim, até quebrar preconceitos.

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