Maja Lunde - Um Livro sobre Abelhas e Tudo que deixamos para trás... - blog de psicologia Melkberg - Tudo que deixamos para trás - livro - Maja Lunde - abelhas - William - George - Tao - família - personagens

Maja Lunde – Um Livro Sobre Abelhas E Tudo Que Deixamos Para Trás…

Tudo que deixamos para trás foi um livro que me despertou muita curiosidade, porque mesmo antes de ler, já havia um fator importante para mim, que estava presente, a criatividade! Uma estória que explica não só a função das abelhas, mas também o impacto que viria com a morte delas (o que está já acontecendo, acreditem), articulando isso à três personagens e suas vidas.

PERSONAGENS 

O livro é dividido e intercalado por três personagens que vivem em diferentes épocas e países.

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TAO (Sichuan, China, ano de 2098) é casada com Kuan e mãe de Wei-Wen de três anos. Essa estória se passa no futuro mostrando o impacto do desaparecimento das abelhas. Tao trabalha 12 horas por dia, em cima de árvores fazendo polinização manual das flores, enquanto a comida de torna escassa e se preocupa com o futuro de Wei-Wen, pois quando ele completar oito anos de idade, terá já que trabalhar como ela nos pomares. Além disso, seu filho irá sofrer um evento ruim, que vai acabar estremecendo seu casamento com Kuan.

Ele mantinha distância de mim, mas eu também não conseguia tocar nele, falar com ele. Ele despertava em mim sempre os mesmos pensamentos. Minha culpa, minha culpa, minha culpa. Por isso, tudo nele passou a ser repulsivo.

Tao

WILLIAM (Hertfordshire, Inglaterra, ano de 1852) é biólogo e dono de uma loja de sementes. Pai de oito filhos, incluindo Charlotte, que será a única filha que vai seguir os mesmos passos do pai em relação à profissão e Edmund que vai numa direção oposta das idealizações do pai e vira motivo de preocupação. William sofre de depressão permanecendo preso em sua cama e passa por dificuldades financeiras, frustrações na área profissional e problemas em seu casamento com Thilda, que cria os filhos sozinha enquanto o marido, se sente paralisado na cama.

Houve momentos em que tive a impressão de que Thilda ficaria mais grata se eu pegasse uma navalha ou talvez, de preferência, uma faca de trinchar, a enfiasse no pescoço e deixasse o sangue jorrar da aorta até não sobrar outra coisa de mim além de uma pele vazia, um casulo abandonado no chão.

William

GEORGE (Ohio, EUA, ano de 2007) um apicultor satisfeito com sua profissão, mas não com a escolha profissional do seu filho Tom, que queria fazer doutorado em letras e ser escritor, indo contra a vontade de George, quando ele investia todas sua economias para que Tom fizesse marketing e administração, e assim preparar o apiário para o futuro e construir um negócio de família. Além desse conflito, sua esposa Emma não se sente satisfeita morando em Ohio e quer se mudar para Flórida e ficar mais próxima de seus amigos de infância. George também vai enfrentar dificuldades financeiras, durante esse tempo.

Os tempos eram incertos. Eu criava segurança. Era o único que criava segurança para essa família. Um futuro. No entanto, parecia que ninguém entendia isso. 

George 

 

Após esse breve resumo dos personagens, você já deve ter percebido o que eles têm em comum, que são: as preocupações que afligem, principalmente no que diz respeito à escolha profissional de seus filhos; passam por muitas dificuldades, inclusive financeira e no casamento; sofrem frustrações ao longo da estória; e todos estão ligados pelo trabalho das abelhas.

MINHA OPINIÃO

Quem gosta de abelhas vai adorar esse livro, pois a autora Maja Lunde consegue descrever os personagens junto às abelhas, com o intuito de explicar a importância das funções desses pequenos insetos para o meio ambiente e ecossistema. 

Os grandes lucros estavam na polinização. A agricultura não tinha chance sem abelhas. Quilômetros de amendoeiras ou arbustos de mirtilo em flor não valiam nada sem as abelhas. Delas dependia a transferência do pólen de uma flor para a outra. As abelhas eram capazes de cobrir vários quilômetros num dia só. Milhares de flores. Sem elas, as flores eram inúteis. Bonitas de se ver enquanto durassem, nenhum valor a longo prazo. As flores murchavam, morriam, sem dar frutos.

George 

O livro fala de frustrações, sonhos deixados para trás e a dificuldade de compartilhar os mesmos desejos com o restante da família. William e George implicavam que seus filhos homens não tinham interesse em cultivar abelhas e isso trazia mais aflição a eles, e problemas de relacionamento.

Assim como o zangão, sacrifiquei a vida pela procriação.

William

Existem famílias que fazem questão que os filhos sigam a mesma profissão dos outros membros da família, principalmente se houver um negócio empresarial que já se tornou tradição. Antigamente isso era muito comum, como se a escolha profissional estivesse atrelada à obrigação de zelar pela continuidade do conhecimento passado de geração em geração, assim como os clientes e a credibilidade da empresa.

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Lendo “Tudo que deixamos para trás” percebemos o quanto é importante fazer aquilo que desejamos, é isso que nos traz a felicidade mesmo com as dificuldades que qualquer um pode enfrentar na vida. William e George sofrem muito para reerguer seus negócios na apicultura, mas era o que fazia sentido na vida deles, já Tao teve que deixar de lado os estudos (o que mais a fazia feliz), pois não tinha dinheiro para investir e teve que realizar um trabalho árduo nos pomares, apenas para não morrer de fome, mas não perdia a esperança por causa do seu filho.

Sem paixão não somos nada.

Edmund

Achei a trajetória do personagem de William a mais interessante, pois no final do livro houve uma ligação e tudo fez sentido, mas não vou dar spoiler. Fiquei torcendo para que William superasse a depressão, baixa autoestima, ideias suicidas, as lembranças da relação difícil que ele tinha com seu pai e a humilhação que seu mentor Rahm, o fez passar. William sempre procurava a aprovação dos outros e queria superar as expectativas deles, como se fosse a única forma de incentivo, na verdade isso estava atrapalhando, sua vida virou um caos e apenas ele poderia ajustar isso.

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(…) uma enfermidade sem diagnóstico, mas com muitos nomes: pessimismo, desgosto,melancolia. Nosso médico de família fazia-se de desentendido. Continuava a falar em termos médicos, sobre a discrasia, o desequilíbrio em meus fluidos corporais, o excesso de bile negra.   

William

Fiquei chateada com o final da família Savage (a família de William) depois de tanta dedicação e trabalho árduo à construção de colmeias ideias para as abelhas e a continuação do conhecimento passado de geração em geração, achei que merecia mais reconhecimento, mas nem tudo são flores, não é mesmo?

A abelha morre quando as asas não servem mais, tornam-se desgastadas, usadas em demasia, assim como as velas do navio fantasma. Ela morre no meio do salto, no momento em que vai alçar voo, com uma carga pesada que talvez tenha sido mais pesada do que de costume, quando está quase estourando de néctar e pólen, e dessa vez chegou ao seu limite. As asas não aguentam mais. Ela nunca retorna à colmeia, mas despenca no chão, com todo o seu fardo.  

William

Duas figuras femininas que gostei bastante, foram Tao e Charlotte (filha de William) as duas eram estudiosas e determinadas. Tao sempre se interessou pelos estudos e recorreu a eles para ajudar seu filho Wei-Wen, e Charlotte se esforçou para ajudar seu pai e estudou colmeias como uma verdadeira profissional.

Confesso que o personagem George foi o que menos me cativou, achei ele um tanto controlador, querendo que Tom fosse uma extensão dele e ignorando os desejos de sua esposa Emma, mas também era outro personagem de garra e lutava pelos seus objetivos, ele seguiu a profissão do pai e sendo apicultor, achei sua estória curiosa também, porque acabou me ensinando sobre abelhas.

Nos primeiros dias num lugar novo, as abelhas ficam quietas. Passam mais tempo dentro da colmeia, em casa. Em seguida, dão saidinhas, conferem as condições e se familiarizam com o lugar. E aos poucos os passeios ficam mais longos. 

George 

 

Como disse no início da resenha, o que me fascinou nesse livro, além das abelhas, foi a criatividade que a autora Maja Lunde teve ao relacionar esses personagens distintos com os ensinamentos sobre abelhas e com a figura de William Savage, através dos mesmos sentimentos e descobertas compartilhadas, pelos três: William, George e Tao.

Uma lição de esperança, até mesmo situações ruins podem se reverter em frutos, aprendizados que trazem novas representações positivas, transformando sociedades futuras. E da mesma maneira que as abelhas, a união dessas estórias se deu pela formação de colmeias, agora não posso falar mais nada. Para descobrir o desenrolar desse livro e aprender mais sobre abelhas, leia Tudo que deixamos para trás e dê um salve para mim, neste post feito com muito carinho, Morte das abelhas, filosofia e psicologia ambiental. 

Até a próxima, pessoal! *•*

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2 comentários em “Maja Lunde – Um Livro Sobre Abelhas E Tudo Que Deixamos Para Trás…”

  1. Parece-me interessante abordar a importância das abelhas q é imensa. Aqui onde noro há canteiros com flores do campo e chama-se canteiro amigo das abelhas (traduzido).
    Conheço uma família q os do sexo masculino tornaram-se engenheiros civis, e fo sexo feminino em eng. Química. Quando veio a terceira geração, um resolveu quebrar e ser nutricionista. Não foi bem aceite.

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    1. Sim, as abelhas tem um papel fundamental em nossa vida e para nossa sobrevivência, mas infelizmente muitos não levam isso a sério. Adorei saber disso, que bom seria se fosse assim, em todos lugares.
      Deve ter sido muito difícil para essa pessoa, mas tenho certeza que ela não vai se arrepender, pois o pior arrependimento é fazer uma escolha importante dessas pela cabeça dos outros.
      Obrigada pelo comentário 🌷✨😊

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