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Por trás dos Girassóis de Van Gogh

Desde que descobri o trabalho de Van Gogh, quando ainda era muito nova, já fiquei encantada por suas pinturas cheias de texturas e com uma paleta de cores muito intensa e alegre. Todo artista usa suas emoções e sentimentos na hora de fazer sua arte, e jamais imaginei que o dono dos girassóis mais belos e amarelos, fosse também dono de um passado muito triste e de luta contra sua doença mental.

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Natureza-Morta: Vazo com Doze Girassóis

Vamos começar em 1853, este foi o ano em que nascia o pintor holandês Vincent Willem van Gogh, considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte, suas obras incluem naturezas-mortas, paisagens, retratos e autoretratos.

Filho de Theodorus Van Gogh, um pastor e Anna Cornelia, uma mulher com dons artísticos. Van Gogh tinha quatro irmãos mais novos, mas foi com Theo, o segundo filho do casal, que ele estabeleceu uma relação forte marcada por cartas trocadas entre os dois.

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Retrato da Mãe do Artista

Sua carreira como pintor só se deu em 1880, antes disso aos 15 anos, ele enfrentou problemas financeiros junto com sua família e foi trabalhar como vendedor de arte na empresa do seu tio. Seu irmão, Theo era negociador de arte.

No ano de 1873, o pintor foi transferido para a Galeria Groupil em Londres, essa mudança de país, trouxe consigo também a drástica mudança em sua vida. Van Gogh se apaixonou por Eugénie Loyer, filha da dona da casa que ele alugava e sofreu muito com o sentimento de rejeição, após seu pedido de casamento ser recusado pela moça.

Após isso, dedicou-se a se tornar um pastor e indo pelo caminho contrário à arte, ele se prepararou para fazer o exame de entrada para Escola de Teologia, em Amsterdã. Mesmo estudando por um ano, Van Gogh não foi aceito na escola, pois se recusou a fazer os exames em latim, por acreditar que seria uma “língua morta” e de pessoas pobres.

Sua vida amorosa era muito problemática, como o caso que teve com Clasina Maria Hoornik, uma prostituta alcoólatra, ele ficou muito apaixonado por ela, mas quando ela voltou para a prostituição, Van Gogh ficou totalmente deprimido. Em 1882, sua família ameaçou cortar o seu dinheiro, a menos que ele deixasse a namorada. Depois disso, ele viajou para Drenthe, um distrito pouco habitado na Holanda, onde viveu uma vida nômade, enquanto desenhava e pintava a paisagem.

Seu irmão Theo o incentivava muito, inclusive financeiramente para que Van Gogh seguisse a carreira como pintor, então em 1886, ele viajou novamente e foi morar junto com seu irmão em Paris e começou a trabalhar em sua primeira obra-prima, “Comedores da Batata”.

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Comedores da Batata

No ano de 1888, o pintor se mudou para um pequena casa amarela, no sul da França em Arles, lá começou o seu declínio. Van Gogh passou a viver de café, pão, absinto (bebida alcoólica) e nada mais, ele só pintava e passou a se tornar uma pessoa cada vez mais doente. Preocupado com o irmão, Theo ofereceu dinheiro a Paul Gauguin (pintor francês do pós-impressionismo) para vigiar Van Gogh.

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Ponte de Langlois em Arles

Van Gogh e Gauguin discutiam constantemente, até que um dia, em mais uma discussão, o pintor teve um surto psicótico, ameaçou Gauguin com uma navalha, e a briga acabou terminando com Van Gogh cortando um pedaço da sua própria orelha (automutilação).

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Van Gogh já debilitado, após cortar sua própria orelha

O pintor marcado por seu amarelo intenso, foi ficando cada vez mais deprimido e esquisito, e se mudou para um asilo em Saint-Paul-de-Mausole, devido a uma petição assinada pelo povo de Arles dizendo que Van Gogh era considerado perigoso. Pintando nos jardins do asilo, em novembro de 1889, ele foi convidado para expor suas pinturas em Bruxelas, estavam entre as obras, “Irises” e “Starry Night”.

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O Pátio do Hospital em Arles
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Irises
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A Noite Estrelada

Um mês antes de sua morte, ele pintava uma tela por dia, foi assim que surgiu “Campo de Trigo com Corvos”, obra que expressava toda a tristeza e solidão do fim da vida. No dia 27 de julho do ano de 1890, o pintor caminhou até o campo frente ao antigo lugar em que morava e deu um tiro contra o próprio peito (tentativa de suicídio).

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Campo de Trigo com Corvos

Van Gogh foi levado ao hospital, porém a cirurgia para retirada da bala não foi realizada e na manhã de 29 de julho, aos 37 anos, seu caixão foi coberto por girassóis, flor favorita do pintor que morreu nos braços de Theo. Seu irmão, então entrou em estado de choque, mostrando sinais de depressão e confusão mental. Theo, que sofria de sífilis e abalado pela morte de Van Gogh, morreu seis meses depois. Ele foi enterrado em Utrecht, mas, em 1914, sua mulher transferiu o corpo para para o cemitério Auvers, ao lado do irmão.

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Túmulos de Vincent e Theo van Gogh no cemitério de Auvers-sur-Oise

O famoso pintor sempre foi descrito como uma pessoa séria, quieta e pensativa. Muitas coisas deviam passar pela mente de Van Gogh, o que tornava suas telas ricas em detalhes e imaginação.

Seu ritmo acelerado de trabalho, como se estivesse num estado de mania e compulsão, o fazia pintar até mesmo durante à noite, colocando velas sobre seu chapéu de palha para poder enxergar a tela, ao mesmo tempo, isso se alternava em momentos de profunda depressão, o que me levou a acreditar que ele pudesse ter tido transtorno Bipolar do humor e seria grave, pois sofria com alucinações.

O vício em absinto, a bebida mais famosa entre os boêmios franceses da época, teria ainda agravado seu estado, causando uma lesão cerebral e consequentemente, ataques epiléticos.

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Natureza-morta com garrafa de Absinto e um jarro

Ele também era um excelente escritor e escreveu mais de 750 cartas ao seu irmão Theo, nelas ele contava sobre seu processo criativo, falava sobre os poucos amigos que tinha e também sobre o avanço de sua doença mental. Toda a correspondência, acabou sendo reunida no livro “Cartas a Theo” e publicada pela editora L&PM. Com isso, tornou-se público a opinião de especialistas, de que o pintor sofria de hipergrafia, uma espécie de mania associada à epilepsia que é, basicamente, uma vontade incontrolável de escrever.

Especula-se que o motivo principal da cor amarela predominante na maioria de suas pinturas, se deve a perturbação visual que ele sofria chamada de xantopsia, na qual todos os objetos observados pelo olho do doente parecerem amarelados. Porém, na minha opinião, o amarelo era tão forte, pois expressava a intensidade do estado emocional em que ele se encontrava, ou poderia também ser somente pela preferência da cor mesmo, já que admirava muito a flor Girassol.

Campo de trigo com ceifeiro e Sol. Esta pintura foi realizada no final de junho de 1889, quando van Gogh estava internado em um sanatório em Saint-Rémy.
Campo de trigo com ceifeiro e Sol. Esta pintura foi realizada no final de junho de 1889, quando van Gogh estava internado em um sanatório em Saint-Rémy.

O pintor pós-impressionista, Van Gogh, infelizmente teve seu trabalho artístico reconhecido, somente após a sua morte. Enquanto vivo, vendeu apenas um quadro – “A Vinha Encarnada”. Não é só suas telas que despertam curiosidade, mas também a sua vida, muitos incorporam uma coleção de doenças mentais em sua história na arte.

A inquietude de sua mente, ainda repercute nos dias atuais. Porém, diante da riqueza de talento que ele possuía, quando olhamos suas imagens, só percebemos a beleza que nos passa e devia ser por isso que ele as fazia, para fugir de todas as tristezas que o perturbavam.

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A Vinha Encarnada

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15 comentários em “Por trás dos Girassóis de Van Gogh”

  1. Às vezes eu me pergunto seria possível ser um gênio e não ser depressivo? Me parece que todos as grandes personalidades da arte, literatura e música eram depressivos e manifestavam também outras doenças psíquicas (acho que com exceção de Mozart). Van Gogh era excepcional!
    Ótima resenha!!! Parabéns!! Bjs!

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    1. Eu também penso nisso quando percebo que muitos gênios eram portadores de algum distúrbio psicológico, parece que a criatividade está muito ligada principalmente ao estado melancólico. Há estudiosos que dizem que não há relação entre a genialidade e a depressão ou outros transtornos, mas acreditamos no que queremos né, Juliane? rsrsrs Concordo contigo ;) Obrigadaaa! Bjs!

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